Mais de 20% das indicações de cirurgia para endometriose são desnecessárias, conclui estudo
Pesquisa do Hospital Albert Einstein mostra que, na maioria dos casos, a doença pode ser tratada com medicação

Flavia Travassos
Um levantamento feito pelo Hospital Albert Einstein concluiu que 22% das indicações de cirurgia para endometriose são desnecessárias, isso porque, na maioria dos casos, a doença pode ser tratada com medicação.
O coordenador de práticas médicas do hospital, Mauro Dirlando Conte de Oliveira, avalia que várias razões podem levar a essa indicação dispensável.
"Pode ser por desconhecimento técnico, pode ser porque a própria paciente e o médico são imediatistas e querem resolver o problema de uma vez por todas para evitar o uso de anticoncepcional", diz o especialista.
Mesmo depois da cirurgia, a endometriose pode voltar. Esse fator reforça ainda mais que o tratamento clínico deve ser, na maioria dos casos, a primeira opção. A boa notícia é que, para 70% das pacientes, existe uma melhora considerável dos sintomas, apenas com o uso de medicação.
Mas é necessário fazer um acompanhamento médico todo ano para saber se a doença evoluiu.
"O que é muito importante, é que a cirurgia pode ser muito benéfica para muitas pacientes, a gente tem um quadro grande de indicações de cirurgias. Quando a cirurgia é feita ela vai ser muito importante para as pacientes, mas tem que ser bem indicada, esse que é o ponto", afirma o ginecologista Sergio Podgaec.
A cirurgia é indicada quando:
- há aumento progressivo das lesões, apesar do tratamento hormonal;
- dor persistente, mesmo com o uso do anticoncepcional;
- cistos no ovário maiores do que seis centímetros de diâmetro;
- dificuldade para engravidar;
- obstrução intestinal ou do ureter;
- e lesão no apêndice.