Exército e Marinha realizam simulado de emergência nuclear em Angra dos Reis
Exercício testa protocolos de segurança e comunicação com moradores da região das usinas nucleares

Felipe Ramos
O Brasil está entre os poucos países que dominam todo o ciclo da energia nuclear — da mineração e enriquecimento de urânio até a operação e descarte de usinas. Para manter a segurança em alto nível, forças civis e militares participaram de um treinamento em Angra dos Reis (RJ), onde ficam as duas usinas nucleares em operação no país.
O Complexo de Angra dos Reis, operado pela Eletronuclear, gera energia para cerca de seis milhões de brasileiros. Todo o processo é monitorado em tempo integral e segue protocolos rígidos de segurança. O combustível usado é o urânio enriquecido, considerado um mineral estratégico e sujeito a controle ambiental e operacional permanente.
A cada dois anos, a região sedia o Simulado de Emergência Nuclear, que mobiliza Forças Armadas, Defesa Civil, prefeitura e órgãos federais.
“Pela primeira vez, teremos uma autoridade regulatória independente, com foco na segurança da população e das instalações”, explicou Ailton Fernandes Dias, diretor de Instalações Nucleares da Autoridade Nacional de Segurança Nuclear (ANSN).
Durante o exercício, foram apresentados equipamentos de resposta rápida, como drones com câmeras térmicas, roupas especiais e veículos blindados com proteção contra agentes nucleares, biológicos e radiológicos. Também foram montadas tendas de descontaminação para atendimento de civis e militares.
“Os militares usam detectores radiológicos e, se identificarem contaminação, o transporte é feito para o Hospital Naval Marcílio Dias, referência na América Latina”, disse o comandante Leonardo Garcia, da Marinha do Brasil.
Uma das novidades deste ano foi o uso de um aplicativo que envia alertas por SMS à população, em tempo real, informando o andamento das operações.
Cerca de 3 mil funcionários participaram da evacuação simulada da Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto, com acionamento de sirenes e transporte organizado. A mesma simulação foi realizada com moradores da região, que seguiram placas de evacuação até os pontos de encontro.
O simulado durou três dias e avaliou a eficiência dos planos de emergência.
“As equipes precisam conhecer bem os protocolos para agir com rapidez em situações de risco”, destacou o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, Marcos Antônio Amaro dos Santos.
O Brasil tem a sexta maior reserva de urânio do mundo, mas apenas um terço do território foi mapeado. Se os estudos avançarem, o país pode se tornar o segundo maior produtor global. Apenas oito nações dominam todas as etapas do ciclo do combustível nuclear — e o Brasil é uma delas.