Eventos climáticos extremos aumentam no Brasil; especialistas apontam soluções
Fenômenos como o temporal da última sexta-feira em São Paulo mostram que cidades precisam melhorar planejamento
Adriano Almeida já está acostumado. Sempre que chove, o Morumbi, bairro onde mora, em São Paulo, fica sem energia. “Cem por cento das vezes fica sem energia. E quando a chuva é mais forte, além das seis horas habituais, pode durar até quatro dias. É um absurdo, mas já virou rotina”, desabafa o gerente de produtos.
Esse problema é cada vez mais comum em São Paulo. É resultado de eventos climáticos extremos, como o temporal que atingiu a cidade na última sexta-feira. Esses fenômenos são intensificados pelo aquecimento global, o que agrava seus efeitos nas cidades.
A pesquisadora Helena Degreas, da USP, explica que as cidades brasileiras não estão preparadas para enfrentar essas mudanças. “Nossas cidades não são resilientes. Faz muito calor, muito frio, ou chove demais. A diferença é que, com o aumento dos gases de efeito estufa, criamos uma capa que retém o calor na Terra. Além disso, as queimadas e outros eventos tornam essa capa ainda mais densa”, afirma Helena.
Os dados mostram que os eventos climáticos extremos estão crescendo. Em 2023, o Brasil registrou mais de 6.700 casos, um aumento de quase 3.000% desde o início do século. Para mitigar esses problemas, especialistas sugerem soluções como a poda eficiente de árvores que tocam os fios de energia, evitando quedas durante tempestades. Outra solução é o enterramento dos fios elétricos, mas só no centro de São Paulo essa obra custaria cerca de 20 bilhões de reais, segundo a prefeitura.
"É preciso um plano de gestão integrada que envolva a arborização e a fiação. As autoridades precisam definir claramente as responsabilidades sobre a manutenção desses elementos", conclui Helena Degreas.