Especialistas explicam porque quedas são mais frequentes na terceira idade
Mortes de idosos causadas por tombos quase dobraram nos últimos 10 anos no Brasil
Foi um tropeço dentro de casa que causou a morte do pai da Regina Ralo. E há 3 meses ela teve de visitar essa dor. É que a mãe dela, dona Ascenção Ralo, caiu num domingo à tarde, após ter ido tomar um sol na área comum do condomínio: ''como o piso tem desnível e ela não levanta a perna devido à idade, e sim arrasta, ela caiu e bateu o rosto no chão, por sorte, não ocorreu nada grave. A experiência que eu havia tido antes foi traumática, eu perdi meu pai por conta de um acidente doméstico'', explica.
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O pai da Regina já havia sofrido um AVC, então os movimentos dele estavam comprometidos, a locomoção já não fluia tão bem. Então, bastou um pequeno obstáculo para a queda acontecer: ele escorregou e caiu de mau jeito depois de dar alguns passos, do quarto para a sala. Ele morreu devido às complicações do tombo. Uma situação que tem ficado cada vez mais comum no Brasil.
Dados do Ministério da Saúde apontam que as mortes de idosos causadas por quedas quase dobraram nos últimos dez anos. Em 2013, 4.816 idosos morreram após um tombo. E em 2022, esse número saltou para 9.592. Considerada a terceira causa de mortalidade entre pessoas com mais de 65 anos, as quedas mataram 70.516 idosos entre 2013 e 2022.
O geriatra e superintendente de Medicina Preventiva da MedSênior, Roni Mukamal, explica que uma das razões desse número ter aumentado é que a população também está envelhecendo: ''quantos mais idosos tem, mais quedas acontecem''.
Ele enfatiza que o ancião é a parte da população que mais sofre com quedas. E isso acontece devido às mudanças fisiológicas e devido ao aparecimento de doenças. “Ao longo do tempo, a gente perde massa muscular. Temos também alterações no campo visual e nas articulações''.
É comum, também, mudanças no tipo de marcha das pessoas, na forma como elas caminham. A advogada Regina Ralo já reparou bem nisso em sua mãe, dona Ascenção, que agora só usa calçados que confortem bem os pés, além dos outros cuidados que ela tem, como o apoio da bengala, por exemplo: ''o geriatra dela diz que ela está melhor do que eu'', brinca.
Ainda de acordo Mukamal, a abordagem é complexa, por isso é necessário uma equipe multidisciplinar para trabalhar a alimentação, os músculos e o equilíbrio dos idosos.
O também geriatra Natan Chehter alerta para os cuidados que também precisam acontecer fora de casa: ''A gente sabe que muitas vezes as prateleiras do supermercado tem alturas que o idoso não vai conseguir alcançar, ele vai se abaixar demais, ou vai ficar na ponta do pé, isso também é comportamento de risco, também é perigoso. Na prática a gente tem que pensar que o idoso, ao caminhar pela rua, ele precisa de mais tempo, de travessia segura.