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“É muito sofrimento e parece que o mundo não enxerga”: prima lamenta morte de brasileira

Jaki Nasser conta que amigos da família encontraram o corpo dela abraçado ao lado do pai e que casa ficou completamente destruída

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“Minha prima é brasileira, ela morreu lá dentro da casa dela, com o pai dela. Não foi na fronteira, não foi em qualquer outro lugar, foi dentro da casa dela”. Com essas palavras Jaki Nasser fez um relato da morte da brasileira Mirna Raef Nasser, de 16 anos, no Líbano. A jovem foi para o país quando ainda era criança ao lado dos pais, e não resistiu a um bombardeio contra o local em que ela morava, de acordo com os familiares.

+ Vítima da guerra: brasileira de 16 anos morre no Líbano

A morte da jovem ainda não foi anunciada oficialmente pelo Itamaraty. O motivo, de acordo com a prima, foi a dificuldade em apresentar a documentação exigida para comprovar que ela é brasileira. Os registros foram comprometidos durante a explosão. A estratégia agora é obter novas confirmações junto a um cartório em Balneário Camboriú, em Santa Catarina.

Em entrevista ao SBT, Jaki Nasser detalha que os bombardeios aconteceram no início da semana e que a família notou que Mirna teria morrio pela falta de informações. Dias depois, amigos próximos confirmaram ter encontrado a brasileira morta, abraçada com o pai, que não é brasileiro.

“A gente ficou o dia inteiro esperando uma notícia. Não pôde chegar ambulância, não pôde chegar equipe de ajuda para resgatar, porque os ataques estavam ‘para tudo que é lado’, não dava para se mexer”, conta. “O sinal também estava ruim, pois atingiram várias antenas”, completa.

Ao longo do relato, a prima fez um desabafo contando a dificuldade dos libaneses frente aos ataques israelenses. “Parece que o mundo não enxerga certas coisas, que não é nós que estamos lá que queremos guerra, não é porque a gente gosta de morrer, mas a gente tem que ter uma resistência porque é muito difícil a gente viver ao lado de um país que quer sempre ocupar. A gente está sofrendo com isso”, diz.

Os bombardeios de Israel ganharam força nas últimas semanas e podem escalar para um novo desdobramento da guerra, em análise de internacionalistas e do próprio assessor para assuntos internacionais da presidência, Celso Amorim.

+ Celso Amorim diz que bombardeio de Israel ao Líbano é "tremendamente revoltante"

Com o anúncio da família, Mirna passa a ser a segunda brasileira vítima da nova fase da guerra de Israel. Na quarta-feira (25), o Itamaraty confirmou a morte de um adolescente de 15 anos, Ali Kamal Abdallah, do Paraná, em decorrência da explosão de um foguete.

O pai dele era do libanês, com cidadania paraguaia, e também morreu. O Ministério das Relações Exteriores confirmou a situação após intensos bombardeios aéreos no início da semana.

Brasil condena ataques

As ações israelenses contra o Líbano foram condenadas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Enquanto participou da Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU), o presidente destacou a morte de mulheres e crianças entre as centenas de óbitos no país.

Após a morte do brasileiro, Lula publicou nota em solidariedade a família e voltou a criticar ataques aéreos israelenses em zonas povoadas. O governo também fez um pedido para que as hostilidades sejam interrompidas.

Procurada, a embaixada de Israel no Brasil não se manifestou.

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