Dia dos Povos Indígenas: "Desafio de correr atrás de anos de demandas negligenciadas", diz ministra
Em postagem nas redes sociais, Sonia Guajajara afirmou que visitou quase 40 territórios desde criação do ministério

Beto Lima
O Dia dos Povos Indígenas, celebrado neste 19 de abril, simboliza a resistência e a diversidade cultural indígena, ao mesmo tempo em que evidencia a necessidade de reconhecimento, proteção territorial e preservação das tradições ancestrais. Em mensagem publicada nas redes sociais neste sábado (19), a ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, disse que a pasta enfrentou "desafio de correr atrás de anos de demandas negligenciadas".
O ministério foi criado no terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), iniciado em janeiro de 2023. "Em 27 meses de governo até aqui, tivemos o desafio de colocar de pé um ministério histórico e correr atrás de anos de demandas negligenciadas. Foram meses de muito trabalho e aprendizados", afirmou.
Nos governos dos ex-presidentes Michel Temer (MDB) e Jair Bolsonaro (PL), não houve demarcações de terras indígenas. A ministra disse que, nos últimos anos, percorreu quase 40 territórios, ouvindo lideranças e acompanhando de perto as realidades diversas vividas por essas comunidades.
"Em alguns, para comemorar demarcações ou assinar programas sociais. Em outros, articulando esforços para barrar a violência contra os parentes indígenas. Outros tantos povos foram a Brasília nesses últimos anos e foram recebidos por uma ministra de Estado indígena, assim como eles", continuou.
A ministra reforça que os desafios permanecem. "Nem sempre é fácil, mas não tenho dúvidas da necessidade e urgência do que estamos fazendo. A cada 19 de abril, reforço minha certeza de que o que estamos fazendo aqui é algo inédito", declarou.
No começo de abril, Lula se reuniu com o líder indígena cacique Raoni Metuktire, no Xingu. A principal preocupação levada ao presidente foi a possível exploração de petróleo na foz do Rio Amazonas (Margem Equatorial), tema que tem mobilizado ambientalistas, pesquisadores e povos tradicionais da região.
A força da mobilização indígena também se manifestou neste mês durante a mais recente edição do Acampamento Terra Livre (ATL), em Brasília, a maior mobilização de povos originários do país. A capital federal foi ocupada por milhares de indígenas de diversas etnias, que se reuniram para reivindicar direitos, denunciar retrocessos e fortalecer pautas políticas.
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De acordo com o Censo 2022, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil possui 8,5 mil localidades com presença indígena permanente, seja em áreas urbanas ou rurais, dentro ou fora de Terras Indígenas (TIs). A maioria dessa população (71,55%) vive em TIs, enquanto 28,45% estão fora desses territórios. A região Norte concentra a maior parte da população indígena do país, com 753 mil pessoas, o equivalente a 44,47% do total.