Conheça 6 livros sobre racismo para ler no dia da abolição
136 anos após a Lei Áurea, luta contra a desigualdade racial no país ainda é necessária
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A luta contra a discriminação racial e o racismo no Brasil segue firme e necessária, mesmo após 136 anos da Lei Áurea, que aboliu a escravidão em todo o território nacional. A abolição, ao contrário do que muitos pregam, não nos tornou um país de iguais em direitos – já que colocou os negros livres à margem da sociedade.
Mesmo com a Lei n° 7.716/1989, que considera o racismo um crime inafiançável, essas violações seguem acontecendo e, inclusive, cada vez mais comuns. Dados da pesquisa Percepções sobre o racismo no Brasil, realizada pelo Inteligência em Pesquisa e Consultoria Estratégica (Ipec) em 2023, mostram que mais da metade (51%) dos brasileiros já presenciou um ato de racismo. Seis em cada 10 pessoas (60%) consideram, sem nenhuma ressalva, que o Brasil é um país racista.
Para ajudar a entender o fenômeno e mostrar formas de combatê-lo, o SBT News listou alguns livros de autores brasileiros que abordam a temática:
Pequeno manual antirracista
![Pequeno manual antirracista | Divulgação](https://sbt-news-assets-prod.s3.sa-east-1.amazonaws.com/djamila_45bf076e14.jpg)
Lançado em 2019, pela Companhia das Letras, "Pequeno Manual Antirracista" trata, em poucas páginas, de temas como a negritude, branquitude, violência racial, cultura, desejos e afetos. Nele, a escritora Djamila Ribeiro argumenta que o passado escravocrata brasileiro enraizou as desigualdades e os abismos sociais no país. A filósofa defende que a prática antirracista deve ser uma luta urgente e de todos, até nas atitudes mais cotidianas.
O livro ganhou o Prêmio Jabuti na categoria Ciências Humanas e foi a obra mais vendida no Brasil em 2020.
Um defeito de cor
![Um defeito de cor | Divulgação](https://sbt-news-assets-prod.s3.sa-east-1.amazonaws.com/ana_maria_2a3a44788a.jpg)
"Um defeito de cor" é uma obra de quase mil páginas escrita por Ana Maria Gonçalves, que mistura ficção e realidade sobre a memória da população negra brasileira. Publicada em 2006, pela editora Record, a obra se inspira na história de Luisa Mahin, heroína da Revolta dos Malês e mãe do advogado abolicionista Luís Gama.
O livro conta a saga de Kehinde, mulher negra que é sequestrada no Reino do Daomé (atualmente Benin), aos 8 anos, e é traficada para ser escravizada na Ilha de Itaparica, na Bahia. Anos depois, consegue sua carta de alforria, volta para a África, e se torna uma empresária bem-sucedida. Idosa, cega e à beira da morte, Kehinde viaja para o Brasil em busca de seu filho perdido.
"Um defeito de cor" inspirou o samba-enredo da Portela no Carnaval do Rio de Janeiro de 2024.
Olhos d'água
![Olhos d'água | Divulgação](https://sbt-news-assets-prod.s3.sa-east-1.amazonaws.com/conceicao_fa96be1798.jpg)
Lançado em 2014 pela Pallas, "Olhos d'água", de Conceição Evaristo, aborda em 15 contos histórias de personagens negras, em sua maioria mulheres, silenciadas pelo racismo, questões de gênero e socioeconômicas.
Evaristo ajusta o foco de seu interesse na população afro-brasileira abordando a pobreza e a violência urbana que a acometem e recriando em texto as duras condições enfrentadas pelos negros brasileiros.
Lugar de negro
![Lugar de negro | Divulgação](https://sbt-news-assets-prod.s3.sa-east-1.amazonaws.com/Lelia_6447b5f28a.jpg)
Publicado originalmente em 1982, "Lugar de negro", de Lélia Gonzalez e Carlos Hasenbalg, reúne três textos que abordam pontos centrais sobre a questão racial no Brasil, em uma tentativa de desconstruir o mito da democracia racial, fortalecido no país durante a ditadura militar.
Lélia se dedica a apresentar o processo de consolidação do movimento negro no Brasil, culminando na criação do MNU, em 1978. Já Hasenbalg analisa os principais aspectos acerca da configuração do racismo e das desigualdades no Brasil.
O pacto da branquitude
![O pacto da branquitude | Divulgação](https://sbt-news-assets-prod.s3.sa-east-1.amazonaws.com/cida_9151a029ce.jpg)
Cida Bento – eleita em 2015 pela The Economist uma das 50 pessoas mais influentes do mundo no campo da diversidade – denunciou em "O pacto da branquitude", lançado em 2022 pela Companhia das Letras, um acordo não verbalizado de autopreservação, que atende a interesses de determinados grupos e perpetua o poder de pessoas brancas.
A autora questiona o chamado "pacto narcísico da branquitude", em que há uma universalidade da branquitude e consequências nocivas para qualquer alteração substantiva na hierarquia das relações sociais.
O avesso da pele
![O avesso da pele | Divulgação](https://sbt-news-assets-prod.s3.sa-east-1.amazonaws.com/jeferson_585abe2d4a.jpg)
"O avesso da pele", lançado em 2020 pela Companhia das Letras, é um romance que trata sobre identidade e as complexas relações raciais. O livro de Jeferson Tenório, ganhador do Prêmio Jabuti na categoria Romance Literário, debate a violência racista e trata ainda da fetichização e sexualização de corpos negros.
A obra conta a história de Pedro, que, após a morte do pai, sai em busca de resgatar o passado da família e refazer os caminhos paternos.
Em março, a diretora de uma escola no Rio Grande do Sul publicou um vídeo em que pedia a retirada do livro das escolas, alegando que a obra tinha palavras de "baixo calão". Com a polêmica da censura, as vendas do livro de Jeferson Tenório chegaram a crescer mais de 6.000%.