Brumadinho: famílias serão removidas após aumento do nível de emergência em nova barragem
Estrutura da Emicon tem risco elevado e preocupa moradores; associação critica falta de fiscalização e retrocessos na legislação ambiental

Vicklin Moraes
Famílias que vivem próximas à barragem de rejeitos B1-A, da Mina do Quéias, em Brumadinho (MG), terão que deixar suas casas. A decisão foi anunciada nesta quarta-feira (23) pela Agência Nacional de Mineração (ANM), após o nível de emergência da estrutura ser elevado para 2, em uma escala que vai até 3.
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A barragem é de responsabilidade da Emicon Mineração e Terraplenagem. Segundo a ANM, foram detectadas condições que comprometem a estabilidade da estrutura. Embora novas investigações estejam em andamento, parte dos dados ainda não foi considerada nas análises técnicas por pendências contratuais, segundo a agência.
Apesar da elevação do nível de alerta, não há indícios de risco iminente de rompimento. A ANM informou que a evacuação preventiva foi determinada durante o período de seca, quando os riscos hidrológicos são menores.
A Agência Nacional de Mineração não informou o número exato de famílias atingidas, nem o prazo para que elas deixem suas casas.
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Crítica de moradores
A decisão gerou revolta entre moradores e entidades ligadas às vítimas da mineração. A Avabrum (Associação dos Familiares de Vítimas e Atingidos pelo Rompimento da Barragem de Brumadinho) emitiu nota pública em que critica a negligência dos órgãos de fiscalização e denuncia retrocessos na legislação ambiental.
“As mineradoras não demonstram pressa para desativar barragens de altíssimo risco, mas agilizam a todo custo a operação de novos empreendimentos, atropelando a segurança das pessoas, ameaçando comunidades e gerando risco ambiental. É inaceitável a falta de transparência e a negligência dos órgãos regulamentadores e fiscalizadores”, afirmou a entidade.
A associação também criticou o adiamento da desativação de estruturas instáveis e a aprovação de leis que, segundo ela, beneficiam grandes mineradoras em detrimento da segurança pública.
Desastre de Brumadinho
Brumadinho ainda carrega as marcas do maior desastre ambiental da história recente do Brasil. Em 25 de janeiro de 2019, a barragem da Mina do Córrego do Feijão, da Vale, se rompeu e lançou mais de 12 milhões de metros cúbicos de rejeitos sobre comunidades, instalações da empresa e o leito do Rio Paraopeba. A tragédia resultou na morte de 272 pessoas, entre funcionários e moradores da região.