Benefício de tomar a vacina da dengue ultrapassa o risco, diz infectologista
Especialista ressalta que reação pode ocorrer em qualquer faixa etária e, em alguns casos, é necessário procurar médico antes de tomar outra dose
Wagner Lauria Jr.
Casos de reações alérgicas graves supostamente relacionados à vacinação contra a dengue, em crianças e adolescentes, trouxeram algumas dúvidas em torno do imunizante.
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De acordo com o infectologista, Marcelo Neubauer todas as vacinas podem provocar eventos adversos e alergias, como rinite, alergias de pele ou em casos raros, quadros mais graves. Além disso, ressalta que a reação pode ocorrer em qualquer faixa etária.
No entanto, ainda que exista a possibilidade de efeitos colaterais, o benefício de tomar a vacina é maior do que o risco, segundo o especialista.
"A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) só aprova qualquer vacina ou medicamento quando seus benefícios são maiores do que os riscos", explica.
Neubaeur ressalta que, caso a pessoa tenha tido uma reação grave, com necessidade de hospitalização após a aplicação da vacina, é recomendado procurar um médico para acompanhamento. Infectologista, alergista ou especialista em imunização são os profissionais mais indicados, segundo ele.
O que aconteceu?
Após a notificação de casos de reações alérgicas graves supostamente relacionados à vacinação contra a dengue, dos quais dois são no DF, a Secretaria de Saúde do Distrito Federal definiu que as crianças e adolescentes de 10 a 14 anos devem passar 15 minutos em observação na unidade de saúde após receberem a dose.
Já quem tem histórico de reações alérgicas graves precisará aguardar 30 minutos até ser liberado. As medidas foram adotadas por recomendação do Ministério da Saúde, de acordo com nota emitida pela pasta.
"A vacinação é segura e convidamos as famílias de crianças e adolescentes de 10 a 14 anos para garantir essa proteção", disse a nota
A recomendação inicial do Ministério da Saúde seria de que os 521 municípios que receberam o imunizante, vacinassem pessoas de 10 a 11 anos de idade. Na última sexta (06), a pasta orientou a expansão do público-alvo para até 14 anos.
70 casos de reações alérgicas estão sendo investigados
O diretor do Departamento do Programa Nacional de Imunização (DPNI), Eder Gatti Fernandes, explicou que 509 notificações foram investigadas; em somente 70 desses casos foram observadas reações alérgicas.
Foram 28 hipersensibilidades imediatas após aplicação, 5 manifestações tardias (tempo depois da imunização), 11 reações locais, 10 casos de urticárias e 16 casos graves — desses, em 3 ocorreram choque.