Maceió: afundamento do solo continua, área de maior risco foi evacuada
Capital de Alagoas continua em alerta máximo por risco iminente de colapso de mina de extração de sal-gema
Em novo boletim, divulgado às 18h deste sábado (2.dez), a Defesa Civil de Maceió informou que a velocidade de afundamento vertical do solo é de 0,7 cm por hora, a mesma do boletim anterior. Nas últimas 24 horas, houve 11,8 cm de deslocamento de terra.
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A Defesa Civil informou que segue em alerta máximo pelo risco de colapso iminente da mina. "Por precaução, a recomendação é clara: a população não deve transitar na área desocupada até uma nova atualização da Defesa Civil, enquanto medidas de controle e monitoramento são aplicadas para reduzir o perigo", reforçou o órgão.
Na madrugada deste sábado (2.dez), foi registrado um tremor de magnitude 0,89 a cerca de 300 metros de profundidade na mina 18 da Braskem, no bairro do Mutange.
A Braskem, empresa responsável pela mina que pode colapsar, informou que todas as áreas de risco do município definidas pela Defesa Civil foram totalmente desocupadas.
"Os moradores de 23 imóveis que ainda resistiam em permanecer nessa área de risco foram realocados pela Defesa Civil, por determinação judicial", informou a Braskem, em nota.
Mas, afinal, o que está acontecendo em Maceió?
Desde a década de 70 há na região minas de extração de sal-gema, utilizado na fabricação de soda cáustica e PVC.
Após o surgimento dos primeiros sinais de colapso do solo, em 2018, o Serviço Geológico do Brasil (CPRM), órgão ligado ao governo federal, apontou que a exploração em uma região onde existiam falhas geológicas provocaram a instabilidade no solo.
A extração do sal-gema ocorria com autorização do poder público. Inicialmente, operava na cidade a Salgema Indústrias Químicas S/A, que foi substituída pela multinacional Braskem -- com atuação no Brasil, EUA, Alemanha e México, é controlada pela Novonor e conta com a Petrobras como uma das acionistas.
Como é feita a extração do sal-gema e como isso provocou os afundamentos?
Para a exploração do sal-gema foram escavados grandes poços, onde água era injetada na camada de sal, gerando um líquido que posteriormente era transformado no produto final.
Com o fim da atividade do poço, o espaço era preenchido com líquido com o objetivo de manter a estabilidade do solo. No entanto, ao longo de mais de quatro décadas de exploração, parte das minas começaram a vazar, provocando instabilidade e abrindo crateras na cidade. Ao todo, há 35 minas na área urbana de Maceió.
Para onde as pessoas estão sendo levadas? Elas são responsáveis?
Uma decisão da Justiça Federal determinou a desocupação de residências na última 5ª feira (30.nov) e autorizou que o Estado use a força policial caso as pessoas resistam a deixar o local.
Os moradores relatam que foram retirados à força sob ameaça de prisão. As casas não foram construídas em área de risco. E, segundo as pessoas deslocadas, não há orientação sobre onde procurar abrigo.
Os moradores pedem a inclusão da nova área afetada no Mapa de Risco da Defesa Civil. Com a inclusão, as pessoas afetadas podem acionar a Braskem solicitando compensação financeira.
E a Braskem?
A Braskem informou por meio de nota, que "continua tomando todas as medidas cabíveis para minimização do impacto de possíveis ocorrências" e segue colaborando com as autoridades competentes.