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"Não aguentamos o tranco da direita como nós estamos", diz José Dirceu em encontro do PT

Ex-ministro-chefe da Casa Civil fez críticas à sigla e disse que governo Lula tem problema de governabilidade

"Não aguentamos o tranco da direita como nós estamos", diz José Dirceu em encontro do PT
José Dirceu discursando em encontro de ala do PT (Reprodução/Facebook)
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O ex-ministro-chefe da Casa Civil do Brasil e ex-presidente do PT José Dirceu fez críticas ao Partido dos Trabalhadores e ao governo Lula, durante discurso, nesta 6ª feira (24.nov), no terceiro encontro nacional de uma das alas da sigla (a Avante PT).

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Dirceu prevê que a direita dará "um tranco" na legenda e esta precisa mudar se quiser aguentá-lo. "Eu sou da opinião que nós precisamos nos debruçar sobre o problema do partido. Não vamos tapar o sol com a peneira. Nós não aguentamos o tranco da direita como nós estamos. E a direita vai nos dar um tranco, nós conhecemos ela. Está esse ambiente agora político, essa negociação com o Arthur Lira, tudo, mas nós sabemos que essa não é a realidade", disse.

"Se formos derrotados em 2024, eles vão tomar mais um naco do governo. Porque já existe um governo de coabitação no Brasil. Coabitação na França ou nos países parlamentaristas é quando o presidente da República é de esquerda, mas o Parlamento é de direita e nomeia um primeiro-ministro de direita", acrescentou.

De acordo com José Dirceu, o Brasil está vivendo "numa situação de coabitação, porque além do poder real da maioria no Parlamento de direita, tem as emendas impositivas". "Então a complexidade do momento que nós estamos vivendo exigiria do partido uma reflexão, um debate, para tomar medidas, para fazer um planejamento para os próximos quatro ou oito anos, pensar o futuro, pensar a realidade que nós estamos vivendo neste momento. Não sei qual o problema. Tem medo da militância, do debate, da discussão, da mobilização da militância?".

Para o ex-ministro, o PT, atualmente, "é um partido de maior apoio popular, de melhor imagem", mas não é "nem 10% do que ele devia ser". "Então nós temos um problema sério, no PT e na esquerda".

Ele disse ainda que o Partido dos Trabalhadores "perdeu" este ano. "Porque nós devíamos, em primeiro lugar, se é que nós constituímos uma Frente Brasil Popular, uma federação e uma frente ampla, nós devíamos ter dado visão para elas, visibilidade, presença na sociedade, presença com proposta, com programas".

Dirceu prosseguiu: "Segundo, nosso papel era mobilizar para apoiar o governo. O Lula não falou contra o juro? O Lula não falou contra a desigualdade? O Lula não falou que os ricos tinham que pagar impostos? Nós fizemos um movimento nacional sobre isso? Quando a direita nos derrotou na questão ambiental do ministério, na questão temporal, nós mobilizamos a sociedade? Porque a direita liberal democrática é a favor da pauta ambiental e é contra o marco temporal".

Conforme o petista, a sigla não se mobilizou. "E o outro papel nosso de partido é constituir, desenvolver e fazer o partido crescer. Nós adiamos encontro e vamos fazer encontro em 2025!?".

Em sua avaliação, disse, o PT precisa "olhar a médio prazo". "Se nós temos uma perspectiva de 12 anos, nós temos que mudar a correlação de forças e mudar o nosso partido. A não ser que a gente queira governar porque está bom como estamos governando, nós sabemos que não está. Isso não quer dizer que o nosso governo não produziu grandes avanços, não foi uma vitória extraordinária derrotar o bolsonarismo, o Lula voltar a ser presidente".

Para ele, os filiados ao PT têm condições de construir um partido à altura do desafio que terão na frente, pensando que não querem "apenas um reformismo" -- classificado como "importante" por ele --, mas também mudar o Brasil.

Problemas no governo

Segundo José Dirceu, o governo Lula "tem problemas de governabilidade, de organização, de avaliação de cada ministério". Ele defendeu que seja feita uma avaliação do primeiro ano do mandato. "Aonde se discute isso? Ou não é para se discutir? É para faze de conta que está tudo bem? Ou não se pode discutir mais? Porque às vezes eu fico com essa sensação, porque você começa a discutir um pouco, você fica inconveniente, indesejado. Isso não quer dizer que eu seja pessimista. Porque eu sou muito otimista com relação ao PT, ao Brasil", acrescentou.

O petista afirmou que se o partido quer constituir, como este deseja, uma alternativa de mudança estrutural no Brasil, precisa pensar em médio prazo, e por isso ele (Dirceu) tem falado em 12 anos. Conforme o ex-ministro, a sigla não fará nesses quatro anos do terceiro governo Lula mudanças estruturais no país, devido à correlação de forças.

"Na verdade nós retomamos programas nossos, conseguimos aquela PEC da transição e estamos num governo que é inacreditável se nós falássemos um ano atrás que o PP e o PL são base do nosso governo, constituem o governo conosco. Então nós estamos num governo de esquerda que não participa só a direita civilizada, a centro-direita. Participa a direita. E o PP e o PL são a direita".

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