SUS completa 35 anos com mais de 4 bilhões de atendimentos só em 2022
Atualmente, cerca de 15 milhões de brasileiros dependem exclusivamente da rede pública de saúde
Gudryan Neufert
"O acesso à saúde é um direito universal e gratuito no território brasileiro". É o que estabelece a Constituição Federal de 1998. E em um país onde mais de 70% da população não tem plano de saúde, esse direito é garantido pelo Sistema Único de Saúde. Inspirado no modelo da Inglaterra, o SUS completa este mês 35 anos.
Para o professor de medicina e coordenador do Instituto de Pesquisa e Apoio ao Desenvolvimento Social, Thiago Trapé, ao longo de sua história, o Sistema Único de Saúde acumula mais acertos do que erros.
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"Unidades básicas, tratamentos, rede hospitalar, urgência e emergência... posso dizer que não é que avançamos muito, avançamos muito em muito pouco tempo. Acho que a pandemia elevou muito essa condição frente a opinião pública", argumenta o médico.
A estrutura do SUS, o esforço e a capacidade dos profissionais envolvidos no combate ao coronavírus salvaram milhares de vidas.
O Sistema Único de Saúde está presente em todos os 5.570 municípios do país. Mais de um terço deles (34%) não contam com outros atendimentos médicos fora da rede pública. Isso significa que mais de 15,5 milhões de brasileiros dependem exclusivamente do SUS.
Levando a atenção primária à saúde, o SUS ajudou o país a reduzir, em 72%, a taxa de mortalidade infantil em menos de 3 décadas. Além disso, mais de 90% dos transplantes de órgãos no país são feitos com recursos públicos, permitindo que cada vez mais pessoas tenham uma vida melhor.
"Toda a nossa missão como profissional é para que a gente consiga dar vida nova a esses pacientes que estão na fila. Desde a entrada do paciente na lista até o acompanhamento de pacientes com 20 anos de transplante", acrescenta a médica do HC-FMUSP, Luciana Haddad.
O SUS funciona de forma tripartite: o Governo Federal é o principal financiador, e os estados e municípios auxiliam na gestão dos recursos. Mas, ainda há muitos desafios, como regionalizar o atendimento, para diminuir as desigualdades, melhorar a eficiência do gasto público, e também aprimorar o atendimento à saúde mental.
Mesmo precisando avançar, são muitos os exemplos de sucesso do sistema. Como o da Giovana, de 22 anos, que já fez dois transplantes. Aos 6 anos, ela ganhou um novo coração e, aos 19, transplantou um dos rins.
"O transplante é muito caro, muito caro mesmo, UTI é muito cara, e a gente não teria condição... não sei falar o que a gente faria, né? Mas, o SUS salvou a nossa vida", afirma a mãe da jovem, Mônica Rodrigues.