Grupo de afegãos refugiados começa a trabalhar no Brasil
Após ficarem acampados no Aeroporto de Guarulhos, cinco homens e uma mulher conseguiram emprego
Luciano Teixeira
Depois de ficar acampado no Aeroporto de Guarulhos, um grupo de refugiados afegãos começou a trabalhar esta semana no Brasil. Cinco homens e uma mulher foram contratados por uma indústria na região metropolitana de São Paulo.
Um deles, que não pode se identificar porque sofreu ameaças do Talibã, deixou o Afeganistão com a esposa e o filho pequeno. Ele chegou ao Brasil há 40 dias e começou a trabalhar esta semana, como auxiliar de serviços gerais no polo de engenharia de uma companhia. Ele diz que tem a esperança de começar uma nova vida no Brasil, porque no Afeganistão não há educação, especialmente para as mulheres, além de dificuldades econômicas e falta de segurança.
A iniciativa de contratar os refugiados veio da empresa farmacêutica que procurou o governo do estado. "A gente enxergou a necessidade e apoiar essas pessoas", diz o diretor Marcos Freitas.
"Eu acredito que para o Brasil, para as empresas, é muito importante essa questão da diversidade, a gente aprende muito com eles, que só tem a agregar", afirma Tatiana Rached, coordenadora estadual do Centro de Integração da Cidadania da Secretaria de Estado de Justiça e Cidadania
O projeto está na fase de testes. Seis afegãos já foram contratados e outros quatro devem ser incorporados agora em setembro. Todos têm diploma universitário em carreiras que precisam de trabalhadores no Brasil: são engenheiros, administradores de empresas, matemáticos e até uma bióloga.
A única mulher do grupo também foi ameaçada pelo Talibã e teve que deixar a família e os filhos pra trás. Ela se emociona ao lembrar que no Afeganistão elas não podem estudar nem trabalhar. "Quero agora que o resto da minha família venha viver comigo no Brasil".
De acordo com a Polícia Federal, somente em julho e agosto mais de 1.800 afegãos entraram no Brasil, 90% pelo estado de São Paulo. De acordo com o último levantamento da prefeitura, 99 ainda continuam acampados no Aeroporto de Guarulhos, mas a demanda deve aumentar, porque há pelo menos 16 mil vistos humanitários concedidos de afegãos que ainda não chegaram no Brasil.
"O Brasil é o único país no mundo que deu a oportunidade do visto humanitário para os afegãos. A maioria busca vir pra cá em busca dos Estados Unidos como destino pra seguir a vida. O Brasil é rota de fuga", diz Fábio Cavalcante, secretário de Assistência Social de Guarulhos.