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Brasil

Comerciantes relatam queda brusca nas vendas após expansão da cracolândia

Dezenas de lojistas da região fecharam as portas nos últimos meses

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Comerciantes do centro de São Paulo convivem com o medo da violência e o prejuízo. Para alguns lojistas, as vendas caíram mais de 80%, nos últimos meses, por causa da expansão da cracolândia.

Neste domingo (31.jul), uma operação policial na região prendeu 15 pessoas suspeitas de envolvimento com o tráfico de drogas. Uma velha estratégia, que não resolve definitivamente o problema humanitário.

Placas de "aluga-se" ou "vende-se" estão espalhadas por vários pontos da Santa Ifigênia e de Campos Elíseos, bairros da região central da capital paulista. Dezenas de comerciantes fecharam as portas nos últimos meses.

O fluxo, como é chamada a concentração dos dependentes químicos da cracolândia, se espalhou pela área comercial do centro há pelo menos 10 meses. Os lojistas passaram a conviver com aglomerações de usuários de drogas bem na porta dos estabelecimentos.

"O faturamento diminuiu cerca de 85%. Hoje entraram três clientes na loja até agora. Situação triste, já mandamos funcionários embora", afirma uma comerciante que não quis se identificar.

"Acabou o movimento. eu só trabalho pra pagar a conta de luz. Já vendi apartamento, já vendi carro, já negociei com o proprietário.Eeu não tenho dinheiro pra sair e não tenho como trabalhar aqui, porque não vendo mais", desabafa o comerciante Daniel Bonfim.

A mudança assustou os clientes, que passaram a ter medo de ir até a região, conhecida pelo comércio popular, de peças de motocicletas e de eletrônicos.

"Já venho escondendo tudo com medo de ser assaltado. Não tem horário pra ser roubado", diz o motoboy Caiã Araújo.

Em entrevista coletiva nesta 2ª feira (31.jul), o governador de São Paulo Tarcísio de Freitas admitiu o prejuízo do comércio local: "todos os anos a gente tá falando de 20 mil, 30 mil postos de trabalho perdidos por causa da falta de segurança".

(off - prisões de pessoas - não mostrar o rosto das pessoas!)
no último fim de semana, uma operação para combater o tráfico de drogas no centro prendeu quinze suspeitos./ um deles já havia sido autuado em flagrante por tráfico última sexta-feira, no mesmo local, mas foi solto em audiência de custódia no dia seguinte./

Em outras duas fases da operação, foram realizadas 34 prisões na região. Dentre elas, a de Mardel Vidal da Silva, de 44 anos, apontado como um dos cabeças da venda de drogas na cracolândia.

A tática das forças policiais é sufocar o tráfico na região prendendo os responsáveis pela distribuição de drogas. Uma estratégia que já foi usada em governos anteriores e que não trouxe resultado efetivo. Na semana passada, a Defensoria Pública do estado divulgou um relatório que reforçou a ineficácia desse tipo de intervenção policial adotada na cracolândia ao longo dos últimos anos.

O documento aponta que 90% das prisões realizadas na região numa das fases da operação, no ano passado, foram consideradas ilegais pela Justiça e acabaram arquivadas.

Para quem trabalha com a população de rua, como o padre Júlio Lancelotti, a ação das autoridades é superficial e redundante, porque não ataca a causa do problema. "Nós já cansamos de dar sugestões. As sugestões sobre a questão da moradia estão mais do que claras", afirma o padre.

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