RS: estiagem deixa prejuízo de R$ 21 bilhões à agricultura
Após longo período de seca, voltou a chover no Rio Grande do Sul, nesta semana
Luciane Kohlmann
O alívio vem em gotas que, aos poucos, molham novamente a terra. Depois de um longo período de estiagem, voltou a chover no Rio Grande do Sul, nesta semana.
No entanto, a água que trás esperança à população e melhora o nível dos reservatórios, veio tarde para a agricultura e pode não ajudar a evitar a quebra de safra.
+ Leia as últimas notícias no portal SBT News
Moisés tem uma propriedade em Candiota, no sul gaúcho, e calcula uma quebra de 70% nas lavouras de soja. "Foi bem feio o negócio para nós aqui. Eu estimava colher 3 mil sacas de soja e apenas colhi mil", relata o produtor rural Moisés Alves da Silva.
Vinte municípios da região concentram 1 milhão de hectares de soja. Mas, a produção prevista, de 2,5 milhões de toneladas, deve cair pela metade.
"A soja tem casos de lavouras onde o produtor não está nem contando com colheita. Ele está já largando os animais, abandonou a ideia de colher, justamente porque a perspectiva de produção ali é muito baixa frente aos custos e até ao próprio valor que a soja está hoje", explica o gerente da Emater-Bagé, Rodolfo Perske.
O Rio Grande do Sul é o terceiro maior produtor de grãos do país, atrás apenas do Mato grosso e do Paraná. Mas, no último balanço do IBGE, foi o único estado a ter queda na estimativa para a safra atual, com 4 milhões de toneladas a menos. Resultado de 3 anos consecutivos de seca, que nem a chuva desta semana conseguirá reverter.
Quase 80% dos municípios gaúchos seguem em situação de emergência pela estiagem - são 392. O consultor de agronegócio Antônio Sartori afirma que a safra nacional foi salva graças à boa produtividade de outros estados.
"O Brasil está colhendo esse ano uma safra de soja de 155 milhões de toneladas, 30 milhões a mais do que foi o ano passado. Há um recorde de exportações, mesmo levando em consideração que o Rio Grande do Sul, que tinha um potencial de colher 22 milhões de toneladas, e estamos colhendo apenas 14", acrescenta Sartori.
A seca afeta também países vizinhos, como Argentina, Uruguai e Paraguai. Na Argentina, houve quebra de safra de milho, de soja e de trigo. A estiagem deve causar impacto de US$ 20 bilhões no produto interno bruto do país.
Leia também: