SP: polícia ouve adolescentes suspeitos de planejar ataque à escola
Pesquisa mostra que quase metade dos alunos da rede pública já sofreu algum tipo de violência em sala de aula
Flávia Travassos
A Polícia de São Paulo ouviu, nesta 4ª feira (29.mar), dois adolescentes suspeitos de terem ajudado no planejamento do ataque a uma escola na Vila Sônia, na zona sul da capital paulista, na 2ª feira.
O atentado resultou na morte da professora Elizabeth Tenreiro, de 71 anos, que foi homenageada em um ato, realizado por profissionais da área da educação. Com rosas brancas e cartazes nas mãos, o grupo também pediu por mais investimento em segurança e em cuidados com a saúde mental nas escolas.
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"A paz é o mínimo que a gente exige nas escolas. É uma paz, para a gente conseguir dar a nossa aula, decentemente", diz a professora Cida Santos. "Eu sou professora também, trouxe pessoal que trabalha comigo, hoje. É por ela [Elizabeth Tenreiro] e por nós também. Mas isso, essa flor, é para ela", completa a docente Claudia Dorissi.
Uma sensação de insegurança dividida por uma maioria no ambiente escolar, segundo uma pesquisa divulgada nesta 4ª feira. Conforme o estudo, 69% dos alunos e 68% dos professores avaliam como média ou alta a violência nas escolas da rede pública do estado de São Paulo.
"A gente manda os filhos para a escola e não sabe se volta mais. Os professores vão e não sabem se voltam. E a gente não sabe mais o que pode acontecer no ambiente escolar", observa a presidente da Apoesp, Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo, Maria Isabel Noronha.
O levantamento revela ainda que 48% dos alunos e 19% dos professores da rede pública já sofreram algum tipo de violência em sala de aula. São agressões que começam aos poucos, e que podem ter um fim trágico, como o da Escola Tomazia Montoro, no início da semana.
No ataque, além de assassinar Elizabeth, o adolescentes de 13 anos também feriu com golpes de faca outras 3 professoras, além de um aluno. Entre as vítimas, está a professora Ana Célia da Rosa, que recebeu alta nesta 3ª, depois de passar por cirurgia. Os demais feridos já haviam sido liberados.
O responsável pelo atentado, que segue internado na Fundação Casa do Brás, aparece em um vídeo, publicado nas redes sociais, praticando tiros em casa. Em depoimento à polícia, ele afirmou ter se inspirado em ataques a escolas no Brasil e no exterior, e que pretendia matar duas pessoas, aleatoriamente, e depois cometer suicídio.
O adolescente já havia ameaçado um colega, enquanto estudava em outra escola. Em uma troca de mensagens, o agressor escreve que vai matá-lo e que os dias dele estão contados. O garoto chegou ainda a mandar uma foto ao menino, segurando uma arma. Em seguida, o ameaçou: "já estou preparado, você vai morrer. Aproveita esse mês".
Novos casos de violência
Ainda nesta 4ª feira, um jovem de 17 anos, armado com uma espingarda, invadiu uma escola na zona rural de Caxias, no Maranhão. Ele disparou vários tiros, mas foi contido. Ninguém ficou ferido.
Outro ataque foi registrado em Souza, na Paraíba. Um aluno foi esfaqueado por outro adolescente, que foi detido pela polícia.
"Amanhã, pode ser outra escola. Se a gente não tomar uma medida extremamente rápida, as escolas podem correr mais perigo do que já correm", alerta a presidente da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes), Jade Beatriz.
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