Para tirar visto, viajantes passam a noite no consulado da China em SP
Algumas pessoas têm tirado vantagem da situação e vendido lugar na fila por cerca de R$ 500
Flávia Travassos
O dia ainda não havia amanhecido e já tinha gente na fila, na porta do consulado da China, em São Paulo.
Nelson, por exemplo, chegou às 03 horas da manhã. A pressa para embarcar para China tem um motivo. "Eu preciso, minha filha vai ter neném, e a gente vai dar um apoio para ela lá", ele conta.
Para outro, já era a segunda noite seguida na calçada do consulado. Eduardo, que foi contratado par trabalhar como modelo no país asiático, chegou na madrugada de 3ª feira (07.mar).
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"A gente estava comprando umas coisas aqui, o problema era na hora de dormir, que aí dormia todo mundo junto, mas tem que enfrentar a fila, né?", diz o modelo.
Se conseguir o visto, o empresário José Roberto vai embarcar para a China em duas semanas. A passagem já está paga. "Eu tenho ela comprada há um mês. Carro, hotel, a gente não consegue realmente pegar o visto. É a quinta vez que nós estamos vindo, desde a semana passada", afirma o empresário.
Toda essa fila tem se formado na porta do consulado porque o agendamento online foi suspenso. Apenas 30 senhas são distribuídas por dia. Para conseguir a liberação de entrada no país, muita gente tem pago um preço caro.
Henrique desembolsou R$ 500 para garantir o lugar. "Uma pessoa veio e ficou aqui para mim, dede ontem à tarde, na fila, par a gente chegar aqui e atender", afirma o gerente comercial.
"O combinado deles era o seguinte: vocês pagam R$ 500; vocês ficam aqui na fila a partir das 8h até 13h, para guardar esse lugar para vocês e, por volta das 13h, a gente chega aqui", acrescenta a dona de casa Tânia Viana.
A China, um dos principais destinos do turismo de negócios do mundo, foi um dos últimos países a abrir as fronteiras para estrangeiros por causa da covid-19.
Segundo a sócia da empresa de imigração, a procura por vistos para países asiáticos cresceu, em um ano, quase 200%. "Muito negócio vai ser deixado de fazer por conta desse caos que se criou", observa Diana Quintas.
Apenas no Rio de Janeiro o agendamento pode ser feito pela internet, mas os consulados da China seguem um critério de jurisdição, o que significa que a pessoa é obrigada a tirar o visto onde mora.
Na capital paulista, o atendimento é feito das 9h às 12h, e não é possível contato por telefone ou e-mail. De acordo com o próprio consulado, o atendimento deverá ser normalizado até abril.
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