Desmatamento da Amazônia representa quase 640 campos de futebol por dia
Mato Grosso, Roraima e Pará lideram o ranking; destruição é 24% menor do que a de janeiro de 2022
A área desmatada da Amazônia em janeiro atingiu 198 km², a terceira maior marca para o mês em 16 anos. Apesar da região do desmate ter sido semelhante à perda de quase 640 campos de futebol por dia, a destruição é 24% menor do que a registrada no mesmo período em 2022.
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Os dados são do Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD) do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), que monitora a Amazônia por imagens de satélite desde 2008. Segundo o SAD, a derrubada deste ano só não superou a dos anos de 2015 (288 km²) e 2022 (261 km²).
"Essa redução em relação a 2022 é positiva, mas ainda estamos com a devastação em um ritmo muito alto, um patamar semelhante ao dos últimos anos", afirma o coordenador do Programa de Monitoramento da Amazônia do Imazon, Carlos Souza Jr, reiterando a importância das fiscalizações e punições aos desmatadores ilegais.
A maior devastação foi registrada em Mato Grosso, que perdeu 85 km² de floresta. A pesquisadora do Imazon, Bianca Santos, aponta as áreas florestais substituídas pelo setor da agropecuária como causa para avanço do desmatamento no estado.
"Devido à conversão da floresta para áreas de agropecuária, Mato Grosso vem ocupando há pelo menos 15 anos as primeiras posições no ranking de desmatamento na Amazônia, ao lado do Pará e do Amazonas. Por isso, é preciso que o estado intensifique o combate à derrubada ilegal e o incentivo ao aumento da produtividade, cumprindo com o Código Florestal", disse. O desmate foi 16% superior do que o identificado em janeiro de 2022, que foi de 73 km².
Roraima foi a segunda colocada entre os estados que compõem a Amazônia Legal e sofrem com o desmatamento. Na comparação anual, a devastação passou de 19 km² em janeiro de 2022 para 41 km² no mesmo mês em 2023, alcançando uma alta de 116%. Segundo a pesquisadora, os maiores avanços de desmatamento estão em assentamentos e em terras indígenas.
Com 23 km² de área florestal desmatada, o Pará é o terceiro estado que mais desmatou em janeiro e ocupa a liderança no ranking de degradação, causada pelas queimadas e pela exploração madeireira. De acordo o Imazon, o estado degradou 73% do total atingido na Amazônia, o que corresponde a 11 km² de floresta.