'Tribunal do Crime': polícia descobre cativeiro onde seriam executadas vítimas
Local fica dentro de um terreno particular na periferia de Embu das Artes, na Grande São Paulo

SBT News
A polícia descobriu um cativeiro onde seriam executadas vítimas do chamado "Tribunal do Crime" da facção Primeiro Comando da Capital, o PCC. O local fica dentro de um terreno particular na periferia de Embu das Artes, na Grande São Paulo.
A área, que foi invadida e hoje conta com 7 mil barracos, é conhecida como Jardim Santo Antônio. No local, policiais civis prenderam Diego Martins, conhecido como "Fuzil". "É uma pessoa de Minas Gerais, que veio há pouco tempo para São Paulo, e veio justamente com a tarefa de dar mais agilidade, mais velocidade, nesses julgamentos", explica o delegado Estevão Castro.
A namorada dele, Alessandra Moreira, também foi presa. Segundo os investigadores, ela ajudava nos julgamentos. Anotações sobre os "casos julgados" pelos criminosos foram apreendidas no local.
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No Jardim Santo Antônio, a Polícia Civil também localizou os cativeiros do crime organizado, que ficavam dentro de barracos da região: pequenos, escuros e praticamente vazios, apenas com um fogão, um colchão e os fios que são usados para manter as vítimas amarradas enquanto elas aguardam o veredicto final. A sentença, na maioria das vezes, é a morte.
Em um terreno logo atrás do barraco, os policiais encontraram buracos abertos, todos muito fundos. Os investigadores acreditam que eles seriam usados para enterrar as vítimas. Só este ano, foram descobertos 22 corpos de vítimas do Tribunal do Crime em Embu das Artes.
Agora, uma varredura será feita na região do Jardim Santo Antônio. Do alto, é possível ver o tamanho do problema. Milhares de pessoas que não têm onde morar e pagam R$ 30 de aluguel por mês, para viver no terreno dos criminosos.
De baixo, a imagem é ainda mais triste; o retrato da pobreza. Mesmo faltando tudo, as leis no local são rígidas, principalmente a do silêncio.
"Para morar aqui, tem que seguir todas as regras do partido, tudo certinho, porque se não seguir as regras, vai para o próprio tribunal", acrescenta o delegado Estevão Castro.
Um corsa velho estacionado nas redondezas foi apelidado pelos moradores de "carro da morte". Isso porque, quando ele passava, todo mundo já sabia que alguém iria morrer. Fica fácil entender porque o crime é quem manda por lá.
A equipe de reportagem do SBT entrou em contato com a Prefeitura de Embu das Artes, para saber a quem pertence o terreno invadido, mas, até o momento, não obtive resposta.
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