Dilma rebate Temer: "História não perdoa prática da traição"
Ex-presidente da República disse que política sofreu impeachment por dificuldade de se relacionar
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A ex-presidenta Dilma Rousseff (PT) rebateu a declaração de Michel Temer (MDB) sobre o motivo que levou a política a sofrer um impeachment em 2016. Em mensagem aberta, Dilma classificou Temer como golpista e ressaltou que a dificuldade de diálogo com o Congresso não é razão legal e constitucional para a destituição política.
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"Eu agradeceria que o senhor Michel Temer não mais buscasse limpar sua inconteste condição de golpista utilizando minha inconteste honestidade pessoal e política. É justamente essa qualidade que despreza, rejeita e repudia uma avaliação que parte de alguém que articulou uma das maiores traições políticas dos tempos recentes", escreveu.
Dilma afirmou ainda que a "tal dificuldade" de relação com a sociedade e com o Congresso, citada por Temer, "era uma integral rejeição às práticas do presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha, criador do Centrão, que queria implantar com o beneplácito o orçamento secreto".
Em relação ao processo de impeachment, a ex-presidenta reforçou que o golpe dado por Temer já foi comprovado por documentos. No texto, ela explica que as provas materiais da "traição política" estão expressas na PEC do Teto de Gastos, na chamada reforma trabalhista e na aprovação do PPI para as quais ele não tinha mandato.
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"Nenhum desses projetos estavam em nossos compromissos eleitorais, pelo contrário, eram com eles contraditórios. Trata-se, assim, de traição ao voto popular que o elegeu por duas vezes", escreveu Dilma, acrescentando que não "pretende mais debater" com o político.
Confira a íntegra da carta de Dilma à Temer:
"Eu agradeceria que o senhor Michel Temer não mais buscasse limpar sua inconteste condição de golpista utilizando minha inconteste honestidade pessoal e política. É justamente essa qualidade que despreza, rejeita e repudia uma avaliação que parte de alguém que articulou uma das maiores traições políticas dos tempos recentes.
É de todo inócuo afirmar que não houve um golpe, pois este personagem se ofereceu como vice-presidente por duas vezes. E, assim, sabia por duas vezes qual era o programa político das chapas vitoriosas que foram eleitas em 2010 e 2014.
As provas materiais da traição política estão expressas na PEC do Teto de Gastos, na chamada reforma trabalhista e na aprovação do PPI para as quais não tinha mandato. Nenhum desses projetos estavam em nossos compromissos eleitorais, pelo contrário, eram com eles contraditórios. Trata-se, assim, de traição ao voto popular que o elegeu por duas vezes.
Lembro ainda que a "dificuldade de diálogo com o Congresso" não é razão legal e constitucional para impeachment em um regime presidencialista, como ele bem sabe.
Tal "dificuldade" era uma integral rejeição às práticas do presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha, criador do Centrão, que queria implantar com o meu beneplácito o "orçamento secreto", realizado, hoje, sob os auspícios de um dos seus mais próximos auxiliares na Câmara Federal.
Finalmente, relembro que a História não perdoa a prática da traição. O senhor Michel Temer não engana mais ninguém. O que se conhece dele é mais que suficiente para evitá-lo, razão pela qual não pretendo mais debater com este senhor."