Brasileira de 75 anos realiza cirurgia cardíaca inédita no mundo
Procedimento, realizado em São Paulo, implantou ao mesmo tempo três válvulas no coração da idosa
SBT Brasil
Aos 75 anos, e com insuficiência cardíaca grave, Dona Irene já havia passado por 4 cirurgias e se preparava para teria que ser operada novamente. Quem vê a idosa agora, super disposta, não imagina o sofrimento dela há alguns meses.
"Para tomar banho, eu casava, para me secar... eu cansava para tudo. Eu subia a escada aqui, da minha filha, parando em cada degrau. Chega aqui e já sentava, com aquela falta de ar", conta a dona de casa.
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A vida da Dona Irene mudou depois que a equipe do cardiologista Mohamed Said Ghandour, do Hospital Beneficência Portuguesa, na capital paulista, decidiu realizar um feito inédito no mundo: implantar 3 próteses, com membranas de coração de boi, ao mesmo tempo, na paciente, usando uma técnica pouco invasiva, via cateter, e com a ajuda das imagens do computador.
"Faríamos, no mesmo procedimento, o implante de uma válvula no lado esquerdo, e o implante dessas 2 válvulas, do lado direito. Foi inédito, primeiro caso no mundo. Você tinha uma paciente que estava internada, há 45 dias, sem melhora clínica, e a gente não tinha mais muito o que oferecer para ela", explica médico responsável pela cirurgia Mohamed Said Ghandour.
O procedimento, que aconteceu há um mês, durou três horas. "Fizemos com ela anestesiada, mas com o coração batendo o tempo todo. Então, não precisa para o coração do paciente, mas nós temos feito com pacientes, em outros casos, só com uma sedação leve e anestesia local, e com recuperação muito rápida", acrescenta o cardiologista.
O novo método se destaca principalmente devido ao processo pouco invasivo, permitindo assim uma recuperação mais rápida. Bem diferente da cirurgia convencional, chamada de "peito aberto", que requer um pós-operatório de 7 dias. O procedimento será apresentado, no mês que vem, em um congresso em Chicago, nos Estados Unidos.
A Sociedade Brasileira de Cardiologia estima que 240 mil novos casos de insuficiência sujam, por ano, no país. Por isso, métodos como esse podem revolucionar o tratamento de casos como o da Dona Irene.
Antes da cirurgia, a idosa tinha dificuldade para fazer tarefas simples do dia a dia, como cozinhar e até caminhar. Hoje, ela já faz o que mais gosta, que é brincar com os netos. "Graças a Deus, com essa cirurgia, ela ficou ótima. Está de coração novo agora", diz, aliviada, a filha da Dona Irene.
O diretor da Sociedade Paulista de Cirurgia Cardiovascular (SBCCV), Dr. Marco Antônio Prates Oliveira, e o presidente do Conselho Deliberativo da SBCCV, Dr. Gustavo Judas, explicam como foi realizado o procedimento inédito. Assista: