Presidente de honra da Portela, Monarco morre aos 88 anos
Sambista estava internado desde novembro após complicações em cirurgia
Monarco, presidente de honra da Portela, morreu neste sábado (11.dez), aos 88 anos, no Hospital Federal Cardoso Fontes, em Jacarepaguá, zona oeste do Rio de Janeiro. O sambista estava internado desde novembro após complicações em uma cirurgia no intestino.
Monarco era um símbolo da escola, o mais antigo integrante da agremiação, que, aos 17 anos, tornou-se compositor da Portela. Nascido Hildemar Diniz, em Cavalcante, Zona Norte do Rio, foi levado por familiares para Oswaldo Cruz, o bairro da escola.
Além de discos próprios, Monarco fez participações em em discos de Marisa Monte, Martinho da Vila, Zeca Pagodinho e Paulinho da Viola. Com o violonoista e cantor o sambista nascido em 1933, Paulinho fazia esquentas da escola no pré-carnaval.
Paulinho da Viola lamentou a morte do mestre: "Perdemos a figura mais importante do samba nos últimos tempos. que eu tive o prazer de conviver e gravar músicas dele. Os seus sambas faziam um sucesso não apenas na quadra, mas também nas casa das pessoas".
Trecho de Portela, passado de glória.
"Portela, eu às vezes meditando, quase acabo até chorando
Que nem posso me lembrar
Teus livros têm tantas páginas belas
Se for falar da Portela, hoje não vou terminar
A Mangueira de Cartola, velhos tempos do apogeu
O Estácio de Ismael, dizendo que o samba era seu
Em Oswaldo Cruz, bem perto de Madureira
Todos só falavam Paulo Benjamin de Oliveira"
O disco De todos os tempos, de 2019, foi indicado ao Grammy Latino de Melhor Álbum de Samba/Pagode.
Zeca Pagodinho lamentou a morte de Monarco: "Perdemos nosso mestre, a Portela tá triste, o mundo do samba está triste. Só tenho a falar que teve uma missão bacana, não fez feio, cumpriu a missão dele bacana e Deus recebe", afirmou.
Marisa Monte também deixou resgistrada a tristeza: "Durante as gravações do disco Portas, Mauro Diniz veio gravar com a gente o samba Elegante Amanhecer em homenagem à Portela. Falando do Monarco, resolvemos ligar para ele, que estava isolado em casa. Monarco sempre foi um mestre nato, de personalidade generosa que gostava de compartilhar seu saber e suas histórias. Sua memória prodigiosa guardava os melhores sambas e era nossa enciclopédia. Testemunha viva da história do samba, a ele a gente recorria quando queria saber sobre os assuntos dos bambas. Um homem generoso e gentil. Um grande brasileiro. Nesse dia eu pude dizer o quanto o amo e digo agora que o amarei para sempre. Obrigada mestre, você viverá eternamente."