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PF descobre esquema de lavagem de dinheiro da maior facção do país

Em apenas um ano, banco considerado como a "instituição do crime" movimentou R$ 700 milhões

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Polícia Federal
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A Polícia Federal descobriu um esquema milionário para lavagem de dinheiro da maior facção criminosa do país. O jornalismo do SBT teve acesso à investigação, que exibe o envolvimento de políticos e o apoio de um banco especializado para movimentação dos valores ilegais.

A investigação teve início com a delação premiada de Felipe de Moraes, piloto que foi preso por envolvimento no assassinado de Rogério de Simone, o Gegê do Mangue, que ocorreu em fevereiro de 2018. Após o crime, Moraes teria sido "jurado de morte" e decidiu revelar às autoridades o que sabia.

De acordo com o piloto, o pagamento da cocaína exportada pela facção para a Europa estava demorando a chegar. Com isso, Moraes decidiu apresentar ao grupo um amigo chamado Caio Neman, que trabalhava com o pai, Dalton, como Doleiro.

A partir da delação, a família Neman passou a ser alvo da Polícia Federal. Segundo a investigação, Dalton é o chefe do esquema especializado em movimentar e legalizar o dinheiro de facções criminosas. Cristiane, esposa de Neman, e Caio, filho do investigado, eram responsáveis pelas transações financeiras. Wilson Decaria Júnior ficava a cargo das operações feitas em dólar-cabo, enquanto Douglas Neman era o responsável pelo transporte das cédulas.

Para realizar a ação, Neman utilizava carros-fortes da empresa Protege. Em uma conversa interceptada, Douglas explica que o dinheiro era recolhido de segunda e sexta em São Paulo e, em seguida, era enviado para Foz do Iguaçu, no Paraná, ou para o local estipulado pelo cliente. Os valores eram transportados com segurança, através dos carros-fortes, e tinham nota fiscal.

"Eles atuavam como se fossem um banco do crime. Recebiam os valores de proveniência ilícita numa determinada conta bancária, sacavam esses valores e entregavam fisicamente para os seus beneficiários", explicou Rodrigo de Campos, delegado da Polícia Federal. 

 Na delação, Felipe Moraes detalha o envolvimento dos Neman com a facção criminosa. Segundo o piloto, o dinheiro da venda da cocaína era entregue em espécie a um emissário do grupo, que distribuía os valores para hotéis, onde outras pessoas recebiam e depositavam em contas bancárias europeias. Posteriormente, transferiam para a China, onde os doleiros tinham esquema com contrabandistas ligados ao comércio da 25 de março, em São Paulo. Dessa forma, o dinheiro retornava legalizado às mãos do grupo. 

O site do banco dos Neman ainda está no ar. Na página, eles dizem que a especialidade da empresa é realizar saques e depósitos em espécie, garantindo a segurança e a comodidade dos clientes. Além da maior facção criminosa do país, a investigação revela que a família também era responsável pela lavagem de dinheiro de lobistas e políticos corruptos. 

Segundo a Polícia Federal, um dos clientes do grupo é o advogado Roberto Bertholdo. A investigação revela que Bertholdo transferiu R$ 700 mil para os Neman quando já era representante do Instituto de Atenção Básica e Avançada à Saúde (IABAS) do Rio de Janeiro. Ele foi preso, no ano passado, como um dos responsáveis por contratos fraudulentos no combate à pandemia no estado fluminense. 

O ex-governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, sofreu um impeachment na semana passada justamente por esses desvios na saúde pública. A PF diz haver "indícios fortíssimos" de que o dinheiro transportado pelos Neman era utilizado como pagamento de propina para políticos do Rio de Janeiro. 

Durante as investigações, também foram interceptadas conversas entre os Neman e Manoel Korn de Carvalho, ex-prefeito de Tietê, município localizado no interior de São Paulo. Em fevereiro de 202, agentes da Polícia Federal flagraram quando Dalton e Caio sacaram R$ 170 mil neste banco e, sem seguida, entregaram o dinheiro para o político. 

Mandados de prisão

Nesta 2ª feira (3.mai), cinco mandados de prisão preventiva e seis de prisão temporária foram cumpridos no Rio de Janeiro, São Paulo e no Distrito Federal. Em apenas um ano, o banco considerado como a "instituição do crime", operado pela família Neman, movimentou R$ 700 milhões. 

Por nota, a empresa Protege afirmou que todas as operações de transporte de valores são realizadas por contrato, "com emissão de nota fiscal e sendo intermediada por uma instituição financeira devidamente registrada no Banco Central". A empresa também disse ter total respeito à legislação vigente. 

Até o momento, os proprietários do banco não se pronunciaram. Os advogados do ex-prefeito de Tietê, Manoel de Carvalho, e do ex-representante do Iabas, Roberto Bertholdo, não responderam ao contato do jornalismo do SBT. 

Assista à reportagem completa do SBT Brasil:


 
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