Ação do Bope em caso de PM na Bahia foi correta, dizem especialistas
Delegados ouvidos pelo SBT News afirmam que agentes seguiram protocolo internacional de negociações
Após quase quatro horas de negociação, Wesley teria feito uma contagem regressiva e disparado em direção aos policiais do Batalhão de Operações Policiais Especiais | Foto: SSP/BA
SBT News
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A ação de policiais militares da Bahia, que culminou na morte de um soldado também da PM, em Salvador, foi correta na avaliação de especialistas ouvidos pelo SBT News. Wesley Soares Goés morreu na noite de domingo (28.mar), depois de ser abatido por colegas de corporação. À tarde, o soldado "durante um suposto surto psicótico" foi ao Farol da Barra e deu diversos tiros de fuzil para o alto.
Após quase quatro horas de negociação, Wesley teria feito uma contagem regressiva e disparado em direção aos policiais do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) que buscavam sua rendição. Diante disso, o soldado acabou alvejado com, ao menos, dez tiros. Ele foi levado ferido ao Hospital Geral do Estado (HGE), onde morreu, à noite.
"É um protocolo internacional de negociação em casos de crises como esse. Obviamente, as especificidades do caso concreto devem ser analisadas. Após mais de três horas de negociações, o policial passou a realizar disparos na direção dos negociadores. Ele vinha numa escalada de violência. Primeiro disparos a esmo, para o alto, depois passou a fazer disparos em linha reta", destacou o delegado Marcus Amim, da Polícia Civil do Rio de Janeiro.
"Não é necessariamente matar, mas existe uma série de protocolos que, quando se trabalha com negociação, se sabe. Se a pessoa expõe risco a ela ou a terceiros, ela legitima o disparo para neutralizá-la", completa Marcelo Carregosa, também da PCRJ, acrescentando que a sitação também é acompanhada ? e a decisão final tomada ? po uma equipe de coordenação que monitora a situação.
Carregosa lembra do caso do sequestro do ônibus 174, em junho de 2000, no qual, segundo ele, tal protocolo não foi seguido. "Terceiros que não tinham conhecimento do que estava acontecendo começaram a intervir", pontua. O sequestro terminou com uma refém morta. O atirador morreu por asfixia em um carro da polícia, enquanto era levado para a delegacia
Repercussão
Parlamentares da base governista publicaram mensagens de apoio ao soldado morto. Deputados como Carla Zambelli (PSL-SP) e Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) ? filho do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) ? avaliam que o ato de Wesley foi uma suposta resposta às restrições de circulação e funcionamento do comércio impostas no estado pelo governador Rui Costa (PT), em razão da pandemia de covid-19.
A presidente da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados, Bia Kicis (PSL-DF), também publicou uma mensagem de apoio ao policial e chegou a defender uma rebelião da Polícia Militar da Bahia contra Rui Costa, mas excluiu a publicação em seguida.
A reação de Kicis incomodou outros congressistas, que viram na postagem da deputada incitação ao cometimento de crime. Após excluir a publicação original, a presidente da CCJ disse, também no Twitter, que removeu o post "para aguardarmos as investigações. Inclusive diante do reconhecimento da fundamental hierarquia militar".
Nesta madrugada fui informada, de q o PM morto, em surto, havia atirado p/ o alto e foi baleado por https://t.co/haFx4dBvFR redes se comoveram e eu tb.Hoje cedo removi o post p/ aguardarmos as investigações. Inclusive diante do reconhecimento da fundamental hierarquia militar.