Coordenador da Operação Greenfield sugere que investigação seja feita pela PF

O novo coordenador da Operação Greenfield, o procurador Celso Tres, nomeado recentemente pela Procuradoria-Geral da República (PGR) para comandar o caso que investiga desvios bilionários de fundos de pensão estatais, enviou um ofício para a PGR com uma proposta que na prática encerraria os trabalhos da força-tarefa que investiga a operação. 

Segundo revelou o jornal O Globo, Tres se recusa a dar prosseguimento nas investigações que já começaram e recomenda que tudo seja enviado para a Polícia Federal. 

Até agora, a Operação Greenfield ajudou na recuperação de R$ 11 bilhões de reais aos cofres dos fundos de pensão por meio de ações judiciais e acordos de delação premiada. Um trabalho que parece ter dado muitos resultados, mas na avaliação do novo coordenador da força-tarefa, por um preço alto demais. 

O SBT Brasil teve acesso ao teor do ofício. Nele, Tres afirma que não quer "trabalhar muito", pede compensações financeiras por ter assumido o caso e faz críticas à Lava-Jato. "Decididamente, não estou aqui para trabalhar muito. Já o fiz na 'gringolândia'(roça, região italiana do RS) e, chegado a Porto Alegre a bordo do êxodo rural, servido por apetitoso 'x-mico' (pão e banana) no correr de longo tempo. Ou seja, trabalhei pela sobrevivência, não porque achasse bom. Hoje, quero é jogar futebol", escreveu.

Ele encerra o ofício fazendo três propostas: o envio de toda a investigação para a PF, sem ser mais conduzida pelo Ministério Público Federal; a criação de uma "linha de produção" de Acordos de Não Persecução Penal, para encerrar os casos apenas celebrando acordos de forma automatizada; e o "declínio imediato" de todos os casos da Greenfield que não significarem "lesão direta e imediata aos fundos de pensão".

O ofício foi encaminhado para a 5º câmara de Coordenação e Revisão do MPF, órgão responsável por coordenar casos de combate à corrupção. O Colegiado informou que vai analisar todas as observações feitas por Tres no documento. 

VÍDEO - Assista a reportagem do SBT Brasil sobre o caso