Negros são as maiores vítimas da letalidade policial no Brasil
Bala tem alvo: 79% das mortes pelas forças policiais no Brasil são de pessoas negras. Estudo analisou dados de 5 estados do país
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A Rede de Observatórios da Segurança divulgou nesta quarta-feira (9) mais um dado chocante sobre o quão o racismo estrutural impacta na vida de milhões de pessoas negras em todo o país. A organização monitora cinco estados e constatou que a letalidade policial tem alvo certo: a população negra do Brasil, evidenciando o racismo estrutural permanente na sociedade.
Enquanto a Bahia tem o chocante dado de 96,9% dos que são mortos pela polícia são negros (76,5% da população total negra), o Rio de Janeiro teve 1.814 pessoas mortas pela força policial em 2019. O Rio possui 61,9% de negros em seu território, mas as vítimas dessa cor são 86%.
No Brasil, naquele ano, foram mortas 6.357 pessoas em decorrência da ação de polícias, número que faz frente ou é até superior a guerras. Deste número, 79% dos mortos são negros.
Em São Paulo, estado mais populoso do país, tem 34,8% de negros. Porém, as balas das forças policiais encontram 62,8% de negros, considerando o total de mortes.
No estado do Pernambuco, apesar da letalidade baixa (74), quando comparado aos outros estados, 93,2% dos mortos pelas polícias são negros, enquanto a população preta do lugar corresponde a 61,9%.
O quinto e último estado analisado pela organização é o Ceará. A unidade da federação possui uma população 66,9% preta, mas os mortos pelo braço armado do estado são 87,1% de negros.
É a primeira vez que é feita uma investigação como esta. Com esses dados podemos mostrar que não é um viés racial, não é excesso de uso da força, não é violência policial letal acima do tolerado, é racismo. Quando analisamos a violência policial nós não conseguimos contabilizar abordagens violentas, espancamentos, humilhações do dia a dia, mas conseguimos contar os corpos empilhados nessas ações", afirma Silvia Santos, coordenadora da Rede de Observatórios da Segurança e do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania.
PE: 74 mortos, 93,2% negros (população negra de 61,9%). Primeiro semestre de 2020 registrou 55 mortes em ações da polícia pernambucana.
CE: 136 mortos, 87,1% negros (população negra de 61,9%). Estado tem 77% dos registros sem informação de cor dos que vieram a óbito, comprometendo uma avaliação mais precisa.
RJ: 1.814 mortos, 86% negros (população negra de 51,7%). Número é recorde dos últimos 20 anos, e outubro de 2020 teve aumento de 415% na letalidade policial. Duas crianças, Emilly Victória, de 4 anos e Rebeca Beatriz, de 7, foram mortas na última sexta-feira (4), vítimas de balas vindas da Polícia Militar do estado.
SP: 815 mortos, 62,8% negros (população negra de 34,8%). Número de homicídios está caindo drasticamente desde 1999, passando de 44 para 8 por 100 mil habitantes. É o menor índice do país.
Enquanto a Bahia tem o chocante dado de 96,9% dos que são mortos pela polícia são negros (76,5% da população total negra), o Rio de Janeiro teve 1.814 pessoas mortas pela força policial em 2019. O Rio possui 61,9% de negros em seu território, mas as vítimas dessa cor são 86%.
No Brasil, naquele ano, foram mortas 6.357 pessoas em decorrência da ação de polícias, número que faz frente ou é até superior a guerras. Deste número, 79% dos mortos são negros.
Em São Paulo, estado mais populoso do país, tem 34,8% de negros. Porém, as balas das forças policiais encontram 62,8% de negros, considerando o total de mortes.
No estado do Pernambuco, apesar da letalidade baixa (74), quando comparado aos outros estados, 93,2% dos mortos pelas polícias são negros, enquanto a população preta do lugar corresponde a 61,9%.
O quinto e último estado analisado pela organização é o Ceará. A unidade da federação possui uma população 66,9% preta, mas os mortos pelo braço armado do estado são 87,1% de negros.
É a primeira vez que é feita uma investigação como esta. Com esses dados podemos mostrar que não é um viés racial, não é excesso de uso da força, não é violência policial letal acima do tolerado, é racismo. Quando analisamos a violência policial nós não conseguimos contabilizar abordagens violentas, espancamentos, humilhações do dia a dia, mas conseguimos contar os corpos empilhados nessas ações", afirma Silvia Santos, coordenadora da Rede de Observatórios da Segurança e do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania.
Confira os dados por Estado
BA: 650 mortos, 96,9% negros (população negra de 76,5%). Estado tem novembro mais violento do ano, com 17 mortes em um final de semana.PE: 74 mortos, 93,2% negros (população negra de 61,9%). Primeiro semestre de 2020 registrou 55 mortes em ações da polícia pernambucana.
CE: 136 mortos, 87,1% negros (população negra de 61,9%). Estado tem 77% dos registros sem informação de cor dos que vieram a óbito, comprometendo uma avaliação mais precisa.
RJ: 1.814 mortos, 86% negros (população negra de 51,7%). Número é recorde dos últimos 20 anos, e outubro de 2020 teve aumento de 415% na letalidade policial. Duas crianças, Emilly Victória, de 4 anos e Rebeca Beatriz, de 7, foram mortas na última sexta-feira (4), vítimas de balas vindas da Polícia Militar do estado.
SP: 815 mortos, 62,8% negros (população negra de 34,8%). Número de homicídios está caindo drasticamente desde 1999, passando de 44 para 8 por 100 mil habitantes. É o menor índice do país.
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