Sanções contra autoridades brasileiras devem demorar a cair, dizem especialistas
Analistas apontam que negociações entre Lula e Trump avançam lentamente e que retirada de sanções deve exigir concessões do Brasil

Hariane Bittencourt
Mesmo após o encontro entre Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump durante a Assembleia Geral da ONU, especialistas avaliam que a reversão das sanções impostas pelos Estados Unidos a autoridades brasileiras deve demorar. A avaliação é de que o processo depende de ajustes diplomáticos e compromissos econômicos que ainda estão em fase inicial.
+ Mauro Vieira diz que reunião com Rubio nos EUA foi 'muito produtiva'
Depois de semanas de tentativas frustradas de contato com a Casa Branca, o breve diálogo entre Lula e Trump, no fim do mês passado, marcou uma virada nas negociações.
Na última semana, o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, se reuniu em Washington com o secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, mas os resultados ainda foram discretos.
Quais são as exigências dos Estados Unidos?
De acordo com o professor Vitelio Brustolin, especialista em Relações Internacionais da Universidade Federal Fluminense e pesquisador da Universidade de Harvard, o governo norte-americano impôs condições firmes para avançar nas tratativas.
“Uma das exigências é que o Brasil pare de falar em desdolarização e se afaste de rivais dos Estados Unidos, como China e Rússia. Além disso, Washington quer compromissos explícitos sobre o fim de medidas protecionistas, que considera excessivas”, explicou Brustolin.
O que diz o governo brasileiro?
O senador Humberto Costa (PT-PE) afirmou acreditar em uma solução de curto prazo para o impasse, mas defende que o Brasil precisa negociar diretamente a redução das tarifas e das sanções impostas por Washington.
“Tem que iniciar o debate pedindo a redução das tarifas e discutir as sanções aplicadas contra integrantes do Judiciário”, disse o parlamentar.
Oposição critica demora nas negociações
Já o deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), líder da oposição na Câmara, avaliou que o governo demorou a buscar diálogo com os Estados Unidos.
“O governo brasileiro deveria ter procurado o presidente Trump há muito tempo para resolver essa questão. É tardia, mas oportuna. Espero que se resolva”, afirmou.
Próximos passos da diplomacia
Diplomatas que acompanham as negociações avaliam que, por seu perfil personalista, Trump só deve recuar das sanções após um novo encontro presencial com Lula. Essa reunião pode ocorrer entre 26 e 28 deste mês, durante a Cúpula da Associação das Nações do Sudeste Asiático, na Malásia.
Se o encontro não for possível, uma visita de Lula aos Estados Unidos também está em análise, já que Trump não deve participar da COP30, marcada para 2025 em Belém (PA).