Brics: Em novo discurso, Lula diz que IA não pode se tornar "instrumento de manipulação na mão de bilionários"
Sessão debateu o fortalecimento do multilateralismo, assuntos econômico-financeiros e inteligência artificial

Victória Melo
Durante a 17ª Cúpula do Brics neste domingo (6), no Rio de Janeiro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu mudanças na estrutura financeira internacional e criticou a concentração de tecnologias de inteligência artificial (IA) em poucos países e empresas. Lula afirmou que o desenvolvimento da inteligência artificial não pode se tornar "instrumento de manipulação na mão de bilionários".
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O presidente disse ainda que as estruturas do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional (FMI) sustentam "um plano Marshall às avessas", em que "as economias emergentes, em desenvolvimento, financiam o mundo mais desenvolvido."
Lula discursou durante a plenária "Fortalecimento do Multilateralismo, Assuntos Econômico-Financeiros e Inteligência Artificial", que contou com os membros do Brics, países parceiros e organizações internacionais. Para ele, o desenvolvimento e o crescimento sustentável do mundo estão diretamente ligados à justiça tributária e ao combate à evasão fiscal.
Declaração do Brics
Na declaração dos líderes do Brics sobre Governança Global da Inteligência Artificial, os países defenderam a criação de uma governança internacional para a tecnologia e afirmam que a IA representa uma oportunidade para impulsionar o desenvolvimento, mas reforçam a necessidade de medidas para "mitigar riscos potenciais e atender às necessidades de todos os países".
O grupo propõe que a governança da IA seja construída no âmbito das Nações Unidas, respeitando a soberania e as legislações de cada país. Entre os pontos defendidos está a necessidade de remunerar de forma justa os produtores de conteúdo utilizados para treinar sistemas de inteligência artificial, além de proteger dados pessoais e garantir transparência no uso das informações.
Os líderes destacaram que os países do Sul Global devem ter acesso igualitário às tecnologias de IA, com foco em capacitação técnica e transferência de tecnologia, para reduzir desigualdades e fortalecer o desenvolvimento sustentável.
A declaração também ressalta a importância de cooperação internacional, com valores compartilhados e construção de confiança entre os países, para que os benefícios da inteligência artificial sejam distribuídos de forma ampla e equilibrada em todo o mundo.