Polícia fecha boate em que duas mulheres denunciaram estupro no Rio
Corpo de Bombeiros já tinha informado que o local estava irregular; delegacia da mulher periciou o local
Raíza Chaves
A Secretaria Municipal de Ordem Pública do Rio de Janeiro (Seop) interditou na noite desta quinta-feira (4) a boate Portal Club, na Lapa, na região central do Rio de Janeiro.
Anteriormente, o Corpo de Bombeiros já tinha informado que o local estava irregular, já que não tinha o Certificado de Vistoria Anual (CVA), o documento que garante a segurança contra incêndio e pânico.
Até o momento, duas mulheres afirmam que foram estupradas dentro do estabelecimento.
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Nas redes sociais, a deputada estadual Renata Souza (PSOL-RJ) informou que após a denúncia da turista, uma outra mulher também buscou a Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher da Alerj para relatar que em novembro de 2023, foi vítima de um estupro dentro da mesma boate. Sem receber o auxílio adequado, acabou tendo a sua denúncia inviabilizada.
Em nota, a deputada disse que a interdição representa medida essencial para a garantia do avanço das investigações e para impedir que novos estupros ocorram na casa noturna, onde as vítimas sofreram negligência por parte dos responsáveis, foram culpabilizadas pela violência sexual que sofreram e ainda desencorajadas a realizar o registro policial.
"O fechamento da boate ocorreu porque a casa não estava em situação regular em relação às exigências do Corpo de Bombeiros para o seu funcionamento em segurança. Ou seja, o estabelecimento sequer deveria estar aberto, pois, além dos crimes denunciados, ficou patente a fragilidade das condições de segurança para todas, todos e todes frequentadores".
Na quarta-feira (3), a Delegacia de Atendimento à Mulher do Centro do Rio de Janeiro fez uma perícia no local onde uma estrangeira sul-americana denunciou ter sofrido um estupro coletivo na Lapa, na zona central do Rio de Janeiro. O caso aconteceu no último domingo (31).
O que aconteceu
Na madrugada do último domingo (31), a jovem de 25 anos foi com uma amiga, na casa de quem estava hospedada, à boate Portal Club e relatou que, após conhecer um rapaz, aceitou ir com ele a um espaço mais reservado da boate, conhecido como dark room. A turista contou que foi estuprada sem qualquer chance de defesa por um número de homens que ela não consegue precisar. Também afirmou que chegou a perder a consciência e que não sabe se algo foi adicionado à sua bebida, já que era uma festa com bebidas à vontade.
Em seguida, quando recuperou a consciência, a jovem procurou a amiga para relatar a situação e manifestou a vontade de chamar a polícia, mas não foi devidamente atendida. Pelo contrário: ela denunciou que funcionários da boate, inclusive seguranças, tentaram dissuadi-la de ir à delegacia. A amiga da vítima é testemunha dessas circunstâncias.
O que diz a boate
Em nota, a boate disse que diante dos graves acontecimentos relatados, deseja deixar claro publicamente que repudia veementemente e nunca irá apoiar qualquer forma de intolerância, opressão ou violência contra as mulheres.
E acrescentou que, assim que tomou conhecimento do incidente, a Boate prontamente acolheu a vítima e se colocou à disposição das autoridades para que os fatos sejam imediatamente investigados e esclarecidos. Além disso, como uma casa LGBTQIA+, o local afirmou ser empenhado em lutar pelos direitos das minorias e das mulheres.