Em livro póstumo, Virginia Giuffre, vítima de Jeffrey Epstein, revela que temia 'morrer como escrava sexual'
'Nobody's girl' ('A garota de ninguém', em tradução livre) foi lançado nesta terça-feira (21), quase seis meses depois da morte da mulher, aos 41 anos

Sofia Pilagallo
Virginia Giuffre (1983-2025), uma das principais acusadoras do falecido bilionário Jeffrey Epstein (1953-2019), condenado por comandar uma rede de tráfico sexual envolvendo menores de idade, afirma que temia "morrer como escrava sexual" nas mãos dele e de outras pessoas de seu círculo.
A revelação é feita no livro póstumo Nobody's girl (A garota de ninguém, em tradução livre), escrito por Virginia e lançado nesta terça-feira (21), quase seis meses depois do suicídio da mulher, aos 41 anos.
A rede de notícias BBC comprou o livro em uma livraria do centro de Londres, dias antes de sua publicação oficial. Segundo o veículo, o livro é, em grande parte, "extremamente angustiante".
+Filho da Rainha Elizabeth II é formalmente acusado de abuso sexual
Ao longo de 400 páginas, Virginia detalha os "abusos sádicos" que sofreu nas mãos de Epstein, que agia em conjunto com Ghislaine Maxwell, sua namorada da época. Ela conta que ele a submeteu a sexo sadomasoquista, causando tanta dor que ela rezou "para ficar inconsciente".
Virginia relata ter mantido relações sexuais com Epstein por diversas vezes e com o príncipe Andrew em três ocasiões distintas, uma delas com Epstein e mais cerca de oito jovens. Ela teria conhecido o Duque de York em março de 2001.
Naquele mesmo dia, Virginia recorda que Ghislaine pediu a Andrew que adivinhasse a idade dela, à época com 17 anos. O príncipe, por sua vez, tinha 41 anos. Ao responder sua idade, teria ouvido do Duque de York: "Minhas filhas são um pouco mais jovens que você."
+Bill Clinton é citado em documentos ligados ao traficante sexual Jeffrey Epstein
Virginia conta que, naquela noite, foi à casa noturna Tramp, em Londres, com o príncipe Andrew, Epstein e Ghislaine. Ali, segundo ela, o príncipe "suava muito".
Em um carro, a caminho da casa de Ghislaine, a mulher teria dito a Virginia: "Quando chegarmos em casa, você deve fazer para ele o que faz para Jeffrey." Na volta para casa, eles teriam mantido relações sexuais.
"Ele foi suficientemente simpático, mas prepotente, como se acreditasse que manter relações sexuais comigo era seu direito", escreve Virginia no livro. "Na manhã seguinte, ficou claro que Maxwell havia checado com seu amigo da realeza, quando ela me disse: 'Você se saiu bem. O príncipe se divertiu'."
+Filho da Rainha Elizabeth II é formalmente acusado de abuso sexual
Virginia conta ter mantido relações sexuais com Andrew pela segunda vez cerca de um mês depois, na casa de Epstein em Nova York. A terceira ocasião teria ocorrido na ilha de Epstein, descrita pela vítima como "uma orgia".
Uma fonte do Palácio de Buckingham afirmou à BBC que "poderão sobrevir novos dias de dor" após a publicação do livro, que coloca pressão ainda maior o príncipe Andrew, irmão do rei Charles 3°.
Na última sexta-feira (17), Andrew, que nega "enfaticamente" as acusações contra ele, renunciou aos seus títulos reais, incluindo o de Duque de York, recebido de sua mãe, a rainha Elizabeth 2ª (1926-2022), e à Ordem da Jarreteira, a mais antiga e importante ordem de cavalaria do Reino Unido, da qual era membro.
Andrew continua sendo príncipe, por ser filho da antiga monarca, mas um pequeno grupo de parlamentares pede que eles sejam oficialmente retirados. O porta-voz do Partido Nacional Escocês no parlamento londrino, Stephen Flynn, afirmou que não há "justificativa" para que o governo do Reino Unido não tome medidas para retirar os títulos do Duque de York.