Executivo da Nokia prevê 6G, fim dos celulares e gêmeos digitais
Previsões ocorreram durante participação no Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça
Cido Coelho
O presidente-executivo da empresa de telecomunicações Nokia, Pekka Lundmark, declarou em um painel do Forum Econômico Mundial, intitulado 'Perspectivas estratégiacas sobre a economia digital', que as redes móveis 6G - redes de internet com velocidade extremamente rápida - estejam em operação até o final de 2030. E também ressaltou que o smartphone deixará de ser o equipamento de uso mais comum na internet, porque a interface vai ser o próprio corpo humano e que com isso pode se desenvolver tecnologias que vão além do multiverso.
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As previsões ocorreram na 3ª feira (24.mai) durante o Fórum Econômico Mundial, que acontece em Davos, na Suíça, que reune empresários e chefes de Estado do mundo todo que discutem os rumos da economia global. Segundo ele, "o mundo físico e o mundo digital crescerão juntos".
As declarações vem ao encontro a um artigo em nome do executivo que foi publicado no site do evento em janeiro com mais detalhes sobre esse futuro provável com o 6G.
Lundmark também afirmou que o mundo físico e digital vão crescer juntos, combinando um mundo de realidade virtual, onde com o virar de um botão o mundo físico e digital pode ser trocado.
A fala sobre a nova rede móvel coincide com a previsão da sua concorrente chinesa Huawei, que espera ver a tecnologia em funcionamento no final da década de 2030. Pekka ressaltou em publicação que as redes móveis de 2030 terão desempenho extremo e funcionarão sob camadas, de forma onipresente, formando uma rede de redes e cobrindo totalmente o planeta com a tecnologia de internet.
Com isso, permitindo que os usuários possam criar redes próprias sem precisar de uma infraestrutura física, além de desenvolver de forma disruptiva os aplicativos da Indústria 4.0 com mais confiabilidade e flexibilidade.
"A sobreposição de redes terrestres e não terrestres formará uma colcha de retalhos de cobertura, proporcionando um novo nível de extrema confiabilidade, capacidade local e ubiquidade. A cobertura perfeita pode ser alcançada aumentando as redes com satélites de baixa órbita e alta taxa de transferência, abordando 95% da superfície da Terra que não é coberta por redes terrestres hoje", analisa Pekka em artigo publicado.
Além disso, o executivo da empresa finalndesa observa que com o 6G as cidades serão 'smartificadas', permitindo cidades conectadas e mais inteligentes com implantação de sensores avançados, permitindo até que leis ambientais como o Acordo de Paris e a 'lei do carbono' sejam cumpridas de forma mais célere e eficente.
Lundmark também aposta que estas medidas trazem duas tendências importantes no desenvolvimento da conectividade, o aumento humano e a fusão do físico com o digital.
"A conectividade só evoluirá com a era 6G que pode ajudar o mundo a atingir as metas exigentes da " lei do carbono " e do Acordo de Paris para reduzir pela metade as emissões a cada década. Espera-se que duas tendências significativas impulsionem futuros desenvolvimentos em conectividade: aumento humano e fusão físico-digital", explica Lundmark.
Gêmeo digital, um 'metaverso industrial'
Na visão do executivo da Nokia, a fusão digital-física permitirá que ativos físicos e versões digitais de objetos começarão a coexistir, por exemplo, fábricas, pontos de logística, locais perigosos ou insalubres poderão ter uma versão virtual da mesma pessoa que poderá fazer o trabalhos insalubres de forma segura e que o metaverso seria o caminho inicial dessa realização. No entanto, essa tecnologia só pode funcionar em caso de conectividade onipresente do 6G e camadas de segurança de proteção de dados invioláveis.
"Eles exigirão que as redes forneçam mais de 100 gigabits por segundo, latência extremamente baixa e confiabilidade impecável. Como eles serão incorporados à infraestrutura e serviços públicos de missão crítica, eles também precisarão de segurança e privacidade de ferro fundido", relata o CEO da Nokia na publicação.
Empresas como Neuralink, de Elon Musk, tem trabalhado no desenvolvimento de dispositivos que possam integrar corpo e digital, neste caso implantes cerebrais, para que possam otimizar a comunicação entre máquinas e pessoas, assim como chips nas mãos para desbloquear objetos e acessos.
Adeus aos smartphones... Olá, humanos na internet!
Pekka Lundmark ainda reforçou que as experiências entre homem-computador estarão aprimoradas, os smartphones deixarão de ser utilizados, para que os humanos possam se tornar parte da internet, indo muito alem de ser um usuário.
"Até então, definitivamente o smartphone como conhecemos hoje não será mais a interface mais comum", analisa o executivo durante um painel de discussão em Davos.
Ao invés de usar um smartphone ou telas, o próprio corpo poderá ser uma interface de integração com a rede digital, além do uso de exoesqueletos e outras inovações.
"Essa tecnologia terá um grande impacto na forma como percebemos o mundo ao nosso redor. Seremos capazes de detectar os níveis de poluição nas proximidades e saber sobre os riscos de segurança no local de trabalho. Além disso, permitirá que pessoas com problemas de mobilidade mais graves andem sem assistência", explica Pekka.
Na visão aprofundada de Pekka, a digitalização das indústrias e sociedades será determinante para o enfrentamento dos desafios globais, apontando que a conectividade pode ser o principal elemento para a resolução dos problemas.
"A digitalização de sociedades e indústrias não é apenas possível, mas provável, ao mesmo tempo em que se torna mais viável à medida que entendemos melhor o valor das redes como uma tecnologia facilitadora", contou.
Segundo o site de notícias CNBC, a Meta (ex-Facebook), Google e Microsoft trabalham em fones de ouvido de realidade aumentada que possam substituir os smartphones.
6G provocará mudança nas redes
Segundo especialistas, o 6G vai impulsionar o desenvolvimento industrial, tecnológico, acelerando a mecânica quântica e a inteligência artificial. Em um artigo no El País, a professora de interfaces multissensoriais da University College London, Marianna Obrist, explicou que essa mudança vai incluir tecnologias interativas que integram os sentidos humanos como paladar, olfato e tato na experiência de uso na rede.
"O toque, o paladar e o olfato têm um grande impacto na saúde, segurança, lazer, trabalho e nosso bem-estar geral. Portanto, experiências multissensoriais, se incorporadas em tecnologias interativas de maneira amigável, podem abrir oportunidades totalmente novas de produtos, tecnologias e serviços", explica Marianna na publicação espanhol.
Além disso, segundo especialistas ouvidos pelo El País, para que a rede funcione de forma plena, permitindo experiências impensáveis, os sinais 6G devem atingir taxas de dados de 1 terabyte (Tb) por segundo, com tempo de resposta de até 0,1 milisegundos, ou seja, uma largura de banda muito alta, com alcance dos sinais curtos, com mais dispositivos de transmissão para que permita a cobertura de sinal de extrema velocidade e, tudo isso, sem fio. No entanto, uma nova tecnologia deve ser criada para que isso seja possível ou facilitado.
Também devem ser desenvolvidos novos algoritmos que permitam o processamento na nova largura de banda e hardware completamente novo.
Ainda há muito que precisamos entender antes de começarmos a construir ferramentas práticas que funcionem neste espaço, para que entendamos a comunicação nessas frequências o suficiente para tornar o 6G uma realidade cotidiana", explica Andy Molisch, professor de engenharia elétrica e de computação da University of Southern California Viterbi.