Intolerância à lactose: condição diagnosticada em Bruna Marquezine tem três tipos diferentes; entenda
Atriz descobriu intolerância após ingerir alimentos à base de leite e não se sentir bem; metade dos brasileiros pode desenvolver condição
Wagner Lauria Jr.
A atriz Bruna Marquezine descobriu que estava com intolerância à lactose depois de ingerir alimentos à base de leite e não se sentir bem. Com isso, procurou uma nutricionista e foi diagnosticada com a condição.
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"Eu não deveria comer nada com leite mesmo. Meu organismo não consegue digerir direito e fico sem energia para nada, a saúde não fica muito bem", contou ao portal Gshow.
Segundo o levantamento "O perfil do DNA do brasileiro na saúde e bem-estar", feito pelo laboratório Genera, cerca de 50% brasileiros têm predisposição para desenvolver intolerância à lactose. O estudo analisou dados de 200 mil DNAs de todas as regiões brasileiras.
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O que é intolerância à lactose?
Por definição, a intolerância à lactose é a incapacidade do organismo de digerir totalmente o açúcar (lactose) de produtos lácteos. Isso acontece pela deficiência de uma enzima no organismo, chamada lactase.
No entanto, a intolerância à lactose é diferente da alergia do leite, aponta uma especialista.
"Como o próprio nome diz, é uma intolerância. As alergias à proteína de leite de vaca, por outro lado, são dependentes de mecanismos imunológicos. As reações são imediatas e os sintomas ocorrem em até duas horas após a exposição. As manifestações mais comuns são as reações cutâneas, gastrointestinais, respiratórias e sistêmicas, que em alguns casos podem levar a choque anafilático", esclarece Kimielle Cristina Silva, consultora técnica da Coordenação Geral de Alimentação e Nutrição do Ministério da Saúde.
Os sintomas da intolerância à lactose variam de pessoa para pessoa, mas geralmente incluem dor abdominal, inchaço, gases, diarreia, náuseas e até dores de cabeça.
No entanto, há três tipos diferentes de intolerância à lactose, segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP). Veja quais são:
Hipolactasia do tipo adulto
A forma mais comum da intolerância à lactose ocorre na maioria da população adulta mundial, embora sua incidência varie conforme a região e fatores genéticos.
Apesar de ser uma característica genética, apenas 2% dos indivíduos com hipolactasia do tipo adulto desenvolvem sintomas graves. No entanto, em pessoas mais velhas, a deficiência de lactase pode se tornar progressivamente mais intensa, levando a desconfortos gastrointestinais mais frequentes.
Intolerância congênita à lactose
Uma condição extremamente rara, a intolerância congênita à lactose é uma doença genética que impede o recém-nascido de digerir o leite materno. Os bebês afetados precisam ser alimentados com fórmulas infantis sem lactose desde os primeiros dias de vida para evitar complicações graves.
Intolerância secundária à lactose
Diferente das demais, essa forma é adquirida e temporária, surgindo como consequência de doenças ou condições que afetam o intestino delgado. Infecções gastrointestinais, giardíase, doença celíaca, alergia à proteína do leite de vaca e doença de Crohn estão entre as principais causas. Bebês prematuros também podem apresentar deficiência temporária de lactase, devido à imaturidade do sistema digestivo.
Em geral, a intolerância secundária pode ser revertida com o tratamento permitindo que os níveis de lactase voltem ao normal ao longo do tempo.
Diagnóstico e tratamento
O diagnóstico mais comum, segundo a SBP, é feito por testes clínicos, em que todos os alimentos com lactose da dieta e os sintomas acabam em dias ou semanas são retirados da dieta.
No entanto, também pode ser usado teste respiratório para pesquisar eliminação de hidrogênio em amostras de ar expirado e teste de tolerância à lactose, com a pessoa ingerindo produtos à base de lactose. Caso não há haja elevação da glicemia (glicose formada pela quebra da lactose), pode ser um indicativo de intolerância.
Além disso, o teste genético pode ser indicado quando a suspeita é de intolerância congênita.
A abordagem para lidar com a intolerância à lactose varia conforme a tolerância de cada indivíduo. A redução do consumo de alimentos com lactose presente em laticínios costuma reduzir os sintomas, mas a enzima lactase para o uso quando for preciso ingerir lactose em situações especiais pode ser indicada para reduzir os sintomas, de acordo com a SBP.