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Pepe Mujica deixa legado de simplicidade e direitos sociais, diz cientista política

Para Talita Tanscheit, o ex-presidente uruguaio foi um líder simples que renovou a esquerda e fortaleceu a democracia latino-americana

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A morte de José "Pepe" Mujica, ex-presidente do Uruguai, no último dia 13 de maio, marca o fim de um ciclo que, segundo a cientista política Talita Tanscheit, representa um dos capítulos mais significativos da consolidação democrática na América Latina.

"Ele chega ao poder após um processo importante de recuperação e reconstrução da democracia no Uruguai", destaca a professora da PUC-Rio.

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Ex-guerrilheiro preso por mais de uma década, Mujica optou por atuar dentro das instituições, tornando-se um símbolo da transição pacífica e democrática.

Mujica foi um dos principais expoentes de uma esquerda que buscou, segundo Tanscheit, cumprir as promessas feitas nas transições democráticas dos anos 1980 e 1990. Com um estilo de vida austero e direto, o ex-presidente uruguaio se destacou pela simplicidade.

"A política pode ser feita por pessoas simples, que vivem o dia a dia como qualquer outro tipo de pessoa", afirma a especialista.

Durante seu governo, entre 2010 e 2015, o Uruguai aprovou leis de forte impacto social, como a legalização do aborto, do casamento entre pessoas do mesmo sexo e da maconha. Talita avalia que Mujica se tornou "um presidente dessas minorias políticas", com grande visibilidade regional e internacional por promover pautas que ainda eram tabu em muitos países do Cone Sul.

A cientista política Talita Tanscheit (Reprodução/SBT)
A cientista política Talita Tanscheit (Reprodução/SBT)

Relação de Mujica com o Brasil

A relação de Mujica com o Brasil também foi marcada por laços profundos, especialmente com o Partido dos Trabalhadores. “O PT pode ser considerado um partido irmão da Frente Ampla, que é o partido do Mujica”, explica Talita. A cientista política destaca ainda a relação estreita e afetiva entre Mujica e o ex-presidente Lula, construída em torno de uma aposta comum na via democrática.

Para além das conquistas legislativas, Talita aponta que Mujica deixa um legado concreto de combate à desigualdade. “O Uruguai passou por uma redução drástica da pobreza e das desigualdades socioeconômicas”, diz. Ela ressalta que esses avanços representam um marco não só para o Uruguai, mas para toda a América Latina.

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Mesmo fora do poder, Mujica permaneceu ativo na política, contribuindo para a renovação da Frente Ampla. Ele foi peça-chave na eleição de líderes mais jovens, como o atual prefeito de Montevidéu, e apoiou diretamente a candidatura de Yamandú Orsi à presidência. “Ao contrário de outros políticos tradicionais, Mujica foi capaz de renovar seu partido do ponto de vista geracional”, pontua Talita.

O legado de Mujica, segundo Talita, é um convite à esperança: de que a política pode ser feita com simplicidade, compromisso democrático e coragem para transformar.

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