Atletas de Rússia e Ucrânia enfrentam reflexos da guerra na Olimpíada de Paris
Russos competem com a menor delegação de sua história e são proibidos de usar sua bandeira; ucranianos são celebrados
Uma potência olímpica, das maiores de todos os tempos, a Rússia compete em Paris com a menor delegação de sua história e sequer pode levantar a bandeira do país em caso de medalhas. Por outro lado, os atletas ucranianos são saudados como verdadeiros heróis. Reflexo da guerra entre Rússia e Ucrânia na Olimpíada.
Entre todas as bandeiras em Paris, falta a da Rússia, uma das nações mais vencedoras, e com uma história olímpica diretamente influenciada por sua situação política.
De Helsinque (1952) a Seul (1988), a então União Soviética disputou nove Jogos Olímpicos. Foi primeiro lugar em seis. Neste tempo, boicotou os jogos de Los Angeles (1984) em resposta ao boicote dos Estados Unidos à Olimpíada de Moscou (1980).
Ironicamente, a maior medalhista soviética de todos os tempos é uma ucraniana. A ginasta Larissa Latynina conquistou 18 medalhas ao todo. Nove delas, de ouro.
Depois da dissolução da União Soviética, 12 das 15 ex-repúblicas participaram como uma equipe unificada em 1992, em Barcelona. Foi a primeira vez sem a bandeira vermelha e o início de uma era em que, sozinhos, os russos nunca mais conseguiram a primeira posição no quadro de medalhas.
Desde Tóquio, os russos competem como atletas neutros, por conta de um esquema de doping envolvendo o governo e pela invasão da Ucrânia. Apenas 15 atletas estão em Paris.
Se os russos competem com a menor delegação de sua história e são proibidos de usar sua bandeira, a Ucrânia tem uma das equipes mais badaladas na França, não exatamente por causa do esporte, mas por conta do atual contexto político. Essa é uma questão tão forte que os ucranianos trouxeram pra Paris arquibancadas de um estádio destruído por bombardeios russos.
A capital olímpica virou um palco de homenagens aos ucranianos e protestos pra lembrar os quase 500 atletas mortos em batalha. Pelo menos 20 poderiam estar em Paris, como o boxeador Maksym Galinichev, que morreu em combate.
Serhii Bykov, representante do Ministério dos Esportes ucraniano, afirma que o mais importante é mostrar o que acontece em seu país. Quando ganhou a medalha de ouro, a esgrimista Olga Kharlan, ofereceu a vitória para as tropas que lutam contra a Rússia.
O esporte também é usado pelo presidente Volodomyr Zelenskyy como arma diplomática. Na Rússia, nenhuma TV transmite os jogos.