Publicidade
Mundo

Agenda climática pode levar Brasil de volta à serie A da diplomacia

Gestão Bolsonaro é marcada por isolamento internacional e dificuldades de relacionamento com as principais democracias do mundo

Imagem da noticia Agenda climática pode levar Brasil de volta à serie A da diplomacia
floresta amazonica
• Atualizado em
Publicidade

Não surpreendem a rapidez nem o conteúdo das mensagens de líderes mundiais que parabenizaram Luiz Inácio Lula da Silva por sua vitória nas eleições presidenciais. E não foi necessariamente por amores ao petista, mas por temor de que o atual presidente não reconhecesse o resultado das urnas.

+ Conheça os colunistas do SBT News
+ Leia as últimas notícias de Brasil
+ Todas as notícias no portal SBT News

Os sinais já tinham sido dados meses atrás quando governos como o dos Estados Unidos fizeram  uma rara manifestação sobre a eficiência das urnas eletrônicas, um dos maiores patrimônios do Brasil, cuja segurança sempre foi colocada em dúvida por Bolsonaro. Até o Reino Unido saiu de cima do muro pra publicar uma nota no mesmo sentido.

A defesa das instituições e da democracia do Brasil eram necessárias também para que outra agenda tivesse sucesso: a luta contra o aquecimento global. Este é outro ponto que une boa parte do mundo, especialmente na América do Norte e na Europa, contra o atual governo.

Na diplomacia, muitas mensagens importantes estão nas entrelinhas, mas alguns chefes de governo deixaram a sutileza de lado para celebrar a mudança de governo no Brasil.

Um dos maiores críticos de Bolsonaro na arena internacional chegou a dizer que "os brasileiros têm um pouco de vergonha" do comportamento do presidente. O francês Emmanuel Macron afirmou que a eleição de Lula "dá início a um novo capítulo da história do Brasil".  

Além de governos progressistas da América Latina, não há outro lugar do mundo onde as críticas ao governo Bolsonaro sejam tão contundentes quanto o Palácio do Eliseu, em Paris.

Não à toa, mesmo antes do início da campanha, Lula já tinha sido recebido ali como se fosse um chefe de Estado. Era um sinal não apenas da França, mas da Europa como um todo. As mesmas honras foram concedidas por alemães e espanhóis.

Mas nada é de graça. Juntamente com a crise energética sem precedentes que enfrentam, os europeus têm uma dificuldade imensa em cumprir as metas que eles mesmos estipularam para controle do aquecimento global.

A Alemanha, por exemplo, foi obrigada a reverter a sua decisão de fechar as usinas movidas a carvão para contornar a falta e a alta no preço da energia.

É aí que entra o Brasil. Qualquer agenda climática está fadada ao fracasso se não tiver envolvimento do país dono da maior fatia da maior floresta tropical do mundo. Em várias mensagens de felicitações a Lula, apareciam também as palavras cooperação e luta contra o aquecimento global.

É uma responsabilidade e tanto e também uma oportunidade. Em conversa com esta coluna, vários diplomatas dizem que não há outro caminho a não ser fazer da agenda climática o carro chefe da nossa política internacional, algo que seria impossível com Jair Bolsonaro.

Para voltar a conversar com as principais democracias do mundo de igual pra igual, será preciso cuidar dos indígenas, da Amazônia e do seu povo. Será preciso fazer nosso dever de casa.

Com Lula, o Brasil pode voltar à série A do tabuleiro internacional. Nossa relação com a Europa e com os Estados Unidos devem melhorar, poderemos ter mais força em conversas com os outros Brics e nos organismos internacionais. Mas em seu terceiro mandato, Lula também será cobrado pelo histórico tom ameno da diplomacia petista com ditaduras como Venezuela, Cuba e Nicarágua.

Mesmo quando são parecidos, há muitas diferenças. Tanto Lula quanto Bolsonaro tem posições similares em relação à guerra da Ucrânia. Mas até pra ser neutro é preciso respeito e credibilidade internacional, principalmente na hora de lidar com a pressão que certamente virá da Europa e dos Estados Unidos. 

Publicidade

Últimas Notícias

Publicidade