PF prende quadrilha que trocava etiquetas de malas em aeroportos
Duas brasileiras ficaram presas injustamente na Alemanha por quase 40 dias após ação dos criminosos
Gudryan Neufert
A Polícia Federal prendeu 16 pessoas por suspeita de fazerem parte de uma organização criminosa especializada em enviar cocaína para a Europa a partir do Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos.
Segundo a PF, foi essa quadrilha a responsável por trocar as etiquetas de duas brasileiras que ficaram presas injustamente na Alemanha por quase 40 dias.
Um dos presos chegou a quebrar o celular na hora prisão e outro arremessou o aparelho no telhado do vizinho. O celular foi recuperado. A PF não descarta outras associações criminosas com o grupo preso.
"A gente acredita que tem realmente uma ligação com o PCC, que a gente espera conseguir chegar um pouco mais alto agora na análise do que foi apreendido", afirma o delegado Felipe Faé Lavareda.
Segundo a PF, de outubro do ano passado a março deste ano, os traficantes enviaram mais de 120 quilos de cocaína para a Europa, especialmente Portugal, Alemanha e França.
As investigações da Polícia Federal ganharam corpo depois dos depoimentos e da análise dos celulares de duas mulheres envolvidas no esquema. Foram elas que levaram as malas com drogas e fizeram um check-in falso, com a ajuda de outros comparsas que trabalhavam no aeroporto A partir disso, a PF identificou os cinco chefes da quadrilha.
"Os mandantes realmente não atuavam no aeroporto, alguns já atuaram lá, por isso que eles adquiriram 'know how'. Tem funcionários das companhias que atuam na área restrita do aeroporto e alguns funcionários até de companhias aéreas", afirma o delegado.
As investigações continuam. O desafio é evitar ação de novos grupos no aeroporto. "Vira e mexe alguém é cooptado. O aliciamento ocorre tão cedo quanto o primeiro dia de trabalho da pessoa", diz o delegado.
Em março, Jeanne Paollini e Kátyna Baía ficaram 38 dias presas na Alemanha por tráfico de drogas. As etiquetas das malas delas foram trocadas no Aeroporto de Guarulhos.
"Desde o começo do dia nós recebemos muitos 'Whatsapp' amigos, da prisão de 16 integrantes da quadrilha, infelizmente aconteceu conosco, nós ficamos 38 dias presas", lamenta Jeanne.
"É uma conquista não só minha e da Jeanne, mas é uma conquista que todos os brasileiros porque certamente nós acreditamos que certamente outras vítimas possam ser poupadas", diz Kátyna.