Exclusivo: Presidente da CBF fala sobre expectativa para a Copa do Mundo
A confiança é grande na conquista de mais um mundial faltando menos de 100 dias para o evento

Flávio Winicki
O presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) falou com exclusividade ao SBT nesta 2ª feira (15.ago). Na entrevista ao repórter Flávio Winicki, Ednaldo Rodrigues abordou a expectativa para a Copa do Mundo, o sucesso da Seleção feminina e a luta contra o racismo no futebol.
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Pela primeira vez, a CBF tem um presidente negro e nordestino. Ednaldo Rodrigues disse que um dos principais objetivos à frente da entidade é o combate ao racismo no futebol. Cenas de injúrias raciais são vistas com frequência na atual edição da Libertadores. Ednaldo sugere mais rigor nas punições. "Agora no dia 22 terá um conselho da Conmebol no Chile e vai ser debatido esse ponto", pontuou. Ainda de acordo com ele, a CBF quer "que tenham punições que vão direto na pontuação dos clubes".
O uniforme para a Copa já foi revelado. Os jogadores brasileiros estão em alta na Europa. A confiança é grande na conquista de mais uma Copa faltando menos de 100 dias para o mundial no Catar. Para chegar ao hexa no Catar, os jogadores da seleção podem se inspirar nas meninas do Brasil. O presidente da CBF citou a recente conquista da Copa América feminina como exemplo para a equipe do técnico Tite: "um abre-alas para o hexacampeonato masculino".
O presidente da CBF também falou sobre a criação de uma liga independente no futebol brasileiro. Ainda não tem acordo entre os clubes, mas já existe o apoio da entidade à iniciativa. "A CBF se coloca à disposição para criação da liga", disse Ednaldo.
Confira a entrevista na íntegra:
O senhor está ansioso para a Copa no Catar?
Primeiro registrar a nossa alegria em receber vocês aqui e dizer que a ansiedade é de todos. 200 milhões de brasileiros aí, todos realmente tensos antes desse início dessa Copa do Mundo, mas também de uma forma muito responsável a CBF tem prcurado junto com a comissão técnica e o seus diretores dar todo o apoio possível e reivindicado pela comissão técnica, para que possamos apresentar um futebol como é conhecido, o futebol brasileiro é o melhor do mundo, e que, se Deus quiser, possamos trazer o hexacampeonato para o Brasil.
Qual a importância neste período de deixar tudo preparado para a comisssão técnica, para o Tite estar concentrado apenas no desempenho da Seleção Brasileira para tentar novamente ganhar um título mundial?
Primeiro dar tudo que for reivindicado pela comissão técnica e o melhor. A CBF tem trabalhado também já no Catar, no sentido de colocar hotel próximo ali dos centro de treinamentos, exatamente para que possa dar uma comodidade, tanto a atletas no deslocamento como também no seu descanso. E sorte que a comissão técnica está trabalhando de uma forma muito organizada e competente, e também os atletas nos seus clubes jogando e procurando cada vez mais estares aprimorados para esta competição, que é a Copa do Mundo e que a gente espera mais uma vez que possamos fazer o melhor.
O senhor também está confiante em relação ao desempenho da Seleção na Copa? O que achou do grupo da Seleção Brasileira, com Suíça, Sérvia, Camarões?
Confiante bastante. Sempre acreditei no futebol brasileiro, ainda quando nem sonhava um dia ser presidente da CBF, e também, com relação ao grupo, quem quer ser campeão realmente não pode ficar olhando ali qual grupo pode ser mais forte ou não. Tem que jogar e tem que querer vencer. Portanto, eu entendo que mesmo dentro da dificldade que é o grupo, nós, se Deus quiser, teremos competência para superar.
O que achou da conquista da Seleção feminina na Copa América?
Isso é exatamente um abre-alas para o hexacampeonato masculino e, com certeza também, a exemplo da comissão técnica da Selação principal masculina, a Selação feminina está sendo muito bem dirigida pela Pia e a sua comissão técnica, fazendo uma renovação muito grande no futebol feminino, isso é importante ressaltar, que as meninas foram campeãs e ali naquele elenco tinha 18 atletas que nunca tinha jogado uma Copa América, isso é importante. E é nesse trabalho de renovação que a CBF tem buscado fazer com que também tenha mais competições estaduais de base feminina, a exemplo do que é hoje no masculino, para que possamos sempre ter seleções fortes.
Essa conquista também ganha importância porque a Seleção feminina consegue vaga no mundial e também nos próximos Jogos Olímpicos em Paris, correto?
Exatamente. Foi uma conquista que não ficou só no campo aqui do nosso continente, mas ela realmente remete a Seleção feminina ao mundial e também às Olimpíadas. Então é interessante que continuemos fazendo e dando todo esse apoio para o futebol feminino, no sentido que elas possam estar cada vez mais fortes para essas novas conquistas.
Há um crescimento do futebol feminino?
Com certeza, e a CBF quer realmente fazer mais investimentos no futebol feminino, no sentido que sejam não só competições nacionais, que possam estar sendo disputadas e com essa visibilidade, mas principalmente apoiando o fomento no futebol feminino em cada estado, para que cada estado e o Distrito Federal possa estar cada vez mais criando competições femininas, principalmente as competições de base, para ter uma renovação, que tenha sub-15, sub-17, sub-19, para que com isso possa estar ali remetendo à Seleção principal talentos, jovens talentos que possam ser aproveitados nas divisões de seleções, como Seleção principal, Sub-20, Sub-17.
Haverá em breve um novo desafio que é classificar a Seleção masculina para os jogos de Paris e a divisão de base também, comandada pelo técnico Ramon Menezes?
Exatamente. E isso é outra conquista que a gente espera que possa ter e sempre o Ramon, juntamente com o Branco, que é o coordenador de seleções, tem verificado em todo o Brasil jovens talentos que possam integrar a Seleção Brasileira, e nós, se Deus quiser, estaremos nos classificando para as Olimpíadas.
O que já deu para colocar em prática neste início de gestão na CBF? Há planos até 2026?
O primeiro ano que foi, assim, pelo menos de 25 de agosto até 23 de março foi como interino, e a partir de 23 de março como eleito pela unanimidade dos clubes presentes e federações, e o que nós queremos é exatamente abrir a CBF para a sociedade de um modo geral. Para os clubes, para as federações, para vocês da imprensa. A casa do futebol tem que estar com as pessoas que ajudam a CBF a construir um futebol melhor. Portanto, é muito importante recebermos vocês aqui, como recebemos os clubes, as federações, enfim, os torcedores também podem vir nessa casa, desmistificar que aqui é uma casa fechada. Nós estamos aqui abrindo e procurando fazer com que o futebol, que é tão alegre dentro de campo, possa ser aqui também, no comando do futebol, para que a gente possa cada vez mais estarmos recebendo sugestões que possam nos orientar e ajudar na pacificação e purificação do futebol brasileiro.
O que o senhor pode falar sobre a nova parceria da CBF com a Fifa voltada ao desenvolvimento do futebol brasileiro?
Olha, é um restabelecimento de relações. Esse período que a CBF ficou praticamente sem representatividade nenhuma fora do Brasil, e isso nós temos uma unidade muito de relação acentuada com a Fifa e também com a Conmebol, e com a Fifa exatamente par aque possamos retomar projetos de incentivo ao futebol, da gestão do futebol principalmente, profissionalizar os clubes na gestão e também federações na gestão para que o futebol possa ser melhor. E também todo o convênio que nós temos hoje com a Fifa, os projetos que temos com a Fifa, agora dia 24 teremos um seminário de combate ao racismo e violência nos estados, exatamente para que possamos defender bandeiras que sejam bandeiras que a sociedade clama e, portanto, o racismo não só no futebol, mas em toda a sociedade, está enraizado, e como nós administramos o futebol brasileiro queremos dar exemplos que temos combater com veemência e com muita determinação para que não fique apenas em punições singelas e punições que no dia seguinte já não se vê mais, já não se comenta mais. Queremos punições para todos aqueles que praticam qualquer tipo de preconceito, principalmente o racismo, que tenham punições exemplares e que sejam realmente combatidos de forma veemente.
A CBF vem sendo mais rigorosa em casos de racismo do que outras entidades sul-americanas, não?
É verdade. E a CBF tem procurado, junto com o president ed Conmebol, fazemos parte do conselho da Conmbeol, para que ela possa acontecer de uma forma também com esse rigor que nós estamos exigindo aqui no Brasil e isso já tem tido um avanço grande. Agora no dia 22 vai haver um conselho da Conmebol no Chile e vai ser debatido esse ponto, principalmente no que diz respeito às competições que acontecerão em 2023 da Conmebol. O nosso desejo é que tenha punições que defendemos aqui no Brasil, que sejam punições desportivas e não são pecunires, onde pode o clube ali resgatar e pagar e, no dia seguinte, na semana seguinte, repetir os fatos. Nós queremos que tenha punições que vão direto na pontuação dos clubes. Isso é o que nós temos defendido e que eu entendo que será sempre mais eficaz. Porque a partir daí os clubes terão também um doutrinamento no que diz respeito a dar uma cultura maior aos torcedores que frequentam os seus jogos, frequentam seus estádios, seus centros de treinamento e que, com isso, possa, com esse rigor na exigência, possa isso ficar extinto.
Há novidades em relação à criação da liga independente no futebol brasileiro?
Com relação à criação da Liga, a CBF desde o seu início entende que é legal, tem na lei, tem no estatuto da CBF, tem no estatuto da Fifa, no da Conmebol. Portanto, ela não tira poder de ninguém, como se falava que iriam acabar as federações, iriam acabar a CBF. Eu acho que a Liga vem exatamente para colocar receitas em todo o ecossistema do futebol, não apenas em Série A e Série B. Eu entendo que isso vai oxigenar clubes que precism ter receitas para ter elencos mais competitivos e organizar não só a parte de futebol, mas também a infraestrutura dos estádios e também na gestão desses clubes. Portanto, eu entendo que a CBF se coloca à disposição inclusive da Liga. Nós queremos que a Liga aconteça de uma forama que seja a melhor possível e sem nenhuma interferência da CBF naquilo que seja melhor para os clubes no futebol brasileiro.