Mourão ironiza investigação de tortura: "Vai trazer os caras do túmulo?"
Vice-presidente foi questionado sobre áudios que confirmam prática durante a ditadura militar
Questionado na manhã desta 2ª feira (18.abr) sobre a revelação de gravações do período da ditadura em que militares falavam sobre tortura, o vice-presidente e general da reserva Hamilton Mourão disse que "isso é história" e que não é possível apurar o caso porque "os caras já morreram tudo".
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"Isso é história, já passou. É a mesma coisa da gente voltar para a ditadura do Getúlio, né. Então são assuntos já escritos em livros, debatidos intensamente, passado, faz parte da história do país", afirmou Mourão. Sobre a possível investigação, acrescentou, aos risos: "O quê? Os caras já morreram tudo. Vai trazer os caras do túmulo de volta?".
Gravações de sessões do Superior Tribunal Militar (STM) durante a ditadura militar, que revelam conversas sobre tortura, foram divulgadas no domingo (17.abr) pelo jornal O Globo. O material -- mais de 10 mil horas de áudios -- foi obtido pelo historiador Carlos Fico, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Parte das gravações inéditas foi divulgada pelo jornal "O Globo", mostra relatos de tortura e como os ministros faziam comentários desrespeitosos sobre as vítimas, inclusive piadas a respeito dos torturados.
Mourão também foi questionado sobre se é preciso conhecer a história. O vice-presidente defendeu que sim, mas relativizou, dizendo que ela tem "dois lados".
"Vamos lembrar que houve uma luta dentro do país contra o Estado brasileiro, por organizações que queriam implantar a ditadura do proletariado aqui. Era um regime que na época atraía uma quantidade grande da juventude brasileira e também parcela da sociedade, mas que perderam essa luta. Houve excessos? Houve excessos de parte a parte. Não vamos esquecer o tenente Alberto, PM de São Paulo, morto a coronhada por Lamarca e os fascínoras dele. Toda vez que há uma guerra é uma coisa complicada. Vocês estão vendo lá no conflito da Ucrânia todas as coisas que estão acontecendo lá. Lamentável isso aí."