Quase 70% dos brasileiros têm medo de ser agredido por sua escolha política
Pesquisa também revela que cerca de 5,3 milhões sofreram ameaças por posicionamento político
Cerca de 5,3 milhões de pessoas foram vítimas, recentemente, de ameaças por suas posições políticas. É o que aponta um levantamento do Datafolha, divulgado nesta 5ª feira (15.set). Encomendado pela Rede de Ação Política pela Sustentabilidade (RAPS) e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, a pesquisa 'Violência e Democracia: panorama brasileiro pré-eleições de 2022' também revela que 67,5% dos entrevistados afirmaram ter medo de ser agredido fisicamente em razão de sua escolha política ou partidária.
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Realizada entre os dias 3 e 13 de agosto de 2022, com 2.100 pessoas, em cerca de 130 municípios, o estudo buscou entender a percepção da população brasileira acerca do autoritarismo, da agenda de direitos -- típica das democracias -- e sua satisfação e apoio ao próprio regime democrático. De acordo com os resultados, a propensão brasileira de apoiar posições autoritárias caiu se comparado com a última pesquisa, de 2017, que foi de 8,10. Agora, o índice de propensão à democracia foi de 7,25, considerado alto.
Ainda de acordo com o estudo, 88,1% dos entrevistados concordam que o vencedor das eleições nas urnas deve ser empossado em 1º de janeiro de 2023. 89,3% das pessoas também demonstraram que para eles "o povo escolher seus líderes em eleições livres e transparentes é essencial para a democracia". Essa propensão à democracia cresce com o nível escolar.
Isso significa que os indivíduos que possuem, no máximo, ensino fundamental I incompleto são os menos propensos à democracia, apresentando média de 6,67 pontos. O contrário acontece com aqueles que possuem o nível máximo de escolaridade, ou seja, pós-graduação, que apresentam média de 8,22 pontos. De um extremo ao outro, a propensão à democracia cresce 1,54 pontos, o equivalente a 15,40%.
Outra questão abordada no estudo foi o impacto da pauta da segurança pública na formação das representações sociais acerca da forma com que o Estado e a sociedade devem lidar com os conflitos sociais contemporâneos, e revela que a agenda de direitos civis, sociais, políticos e humanos tem ganhado adeptos e tem sido vista como fator de proteção ante as ameaças postas: 83,4% reconhecem que existe racismo no Brasil; em 2017, esse número era de 70%, que consideravam que no país só há diferenças de classe, e não há preconceito racial. Ou seja, houve uma melhora na percepção sobre um marcador que é pungente nas violências e desigualdades brasileiras.
Outro dado é o apoio de 82% dos entrevistados à demarcação de terras indígenas. A recente repercussão internacional da violência na região Amazônica e o aumento dos índices de desmatamento e desastres naturais relacionados à questão climática aproximaram o tema do cotidiano e das preocupações do restante do país, conferindo à pauta ambiental importância crescente. Também há grande concordância de que aqueles que passam fome devem ser amparados pelo Estado, com 87,7 dos entrevistados concordando totalmente.
A margem de erro da pesquisa é de 2,0 pontos para mais ou para menos, considerando um intervalo de confiança de 95%.