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Russomanno cita Bolsonaro e promete auxílio paulistano; leia a íntegra da entrevista

Candidato do Republicanos foi o segundo entrevistado na série do SBT News com os concorrentes à Prefeitura de São Paulo

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Celso Russomanno. Foto: reprodução
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Em entrevista ao SBT News, o candidato à Prefeitura de São Paulo pelo Republicanos evocou o apoio do presidente Jair Bolsonaro e prometeu a criação do auxílio emergencial paulistano, caso eleito. "Esse programa vem no sentido de atender essas pessoas que, se não fosse o auxílio emergencial do presidente Bolsonaro, hoje estariam sem ter o que comer em casa, sem emprego, provavelmente saqueando supermercados, isso é muito complicado", disse. 

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Durante a maior parte da entrevista ao vivo, que durou 20 minutos, Russomanno falou sobre seus projetos para a população de rua de São Paulo, e também para a cracolândia. "Os programas não podem ser programas como existem hoje em dia, em que algum funcionário terceirizado da prefeitura passe com uma prancheta na mão, perguntando se as pessoas querem ir para um abrigo", disse. 

Leia abaixo a entrevista do candidato ao SBT News na íntegra aos jornalistas Simone Queiroz e Fábio Diamante - ou, se preferir, assista em vídeo.
 



SBT News: Candidato, nós vamos então com uma pergunta sobre assistência social, que é o tema, inclusive, que ocupa o primeiro espaço do seu programa de governo. O senhor tem anunciado nos últimos tempos a criação de um programa complementar de renda paulistano, que atenderia justamente as famílias que já são atendidas, já estão cadastradas no programa federal de repasse de renda.
Acontece que programas como esse, por exemplo, que são semelhantes ao programa Bolsa Família, eram muito criticados durante as gestões petistas pela oposição, que inclusive da qual o senhor sempre fez parte. E o argumento dos críticos é de que esses programas deixam as pessoas sem estímulo para trabalhar, buscar emprego, mal acostumadas... Eu pergunto ao senhor, a pandemia em si é motivo suficiente para quem era contrário, agora defender um programa como esse? O senhor acha que é suficiente? Será que antes São Paulo já não tinha miséria suficiente para que se estabelecesse um programa como esse?

Celso Russomanno: Bom, em primeiro lugar, eu nunca fui contra nenhum programa social, é bom que se diga isso. Nós participamos da base de governo de outros partidos, de outros presidentes da República, e entendemos que as pessoas têm que ter condições dignas de vida.
Nós temos hoje, em São Paulo, por volta de 27 mil moradores de rua. Nós temos pessoas desempregadas, infelizmente aqueles que estavam na informalidade pararam de vender os seus produtos nas ruas, os autônomos estão sem renda. Nós temos um problema sério por conta da decretação do estado de calamidade. E aí esse programa vem no sentido de atender essas pessoas que, se não fosse o auxílio emergencial do presidente Bolsonaro, hoje estariam sem ter o que comer em casa, sem emprego, provavelmente saqueando supermercados. Isso é muito complicado. Então nós temos que ter um olhar para essas pessoas.
Agora, o que São Paulo precisa, na verdade, é a geração de emprego, e isso vem pós-pandemia, que nós vamos conseguir as empresas de volta para a cidade de São Paulo, reduzindo gradativamente o ISS a fim de que nós possamos competir com condição de igualdade com as cidades que estão em torno da capital.
Se você for analisar, o ISS das cidades do entorno da capital é de 2%, aqui nós cobramos 5%. Eu tive uma reunião agora mesmo com o presidente da Associação Brasileira de Franquias, e ele estava me dizendo quantas franquias já foram embora de São Paulo por conta do tamanho do imposto. Então é uma perda de arrecadação absurda, isso traz o desemprego também e traz a necessidade das pessoas.
Como se não bastasse isso, nós tínhamos plantas de call centers, com 5, 6 mil posições... essas plantas estão todas fora de São Paulo por conta do ISS ser muito alto. Então nós estamos perdendo empregos, principalmente o primeiro emprego, que era o que essa juventude tinha como opção, é trabalhando nesses serviços de atendimento ao consumidor. Para que se tenha uma ideia do que está acontecendo, hoje quando você pega e liga para o sua operadora de telefonia os sotaques vem do Sul do país ou do Nordeste do Brasil, ou até de Minas Gerais. São pessoas que estão trabalhando em call centers que saíram da cidade de São Paulo.
Nós temos que retomar a economia de São Paulo. Enquanto isso não acontece, nós precisamos sim do auxílio paulistano, que vem para ajudar e complementar o auxílio emergencial a fim de que a população de mais baixa renda e que está desempregada e sem condições de viver, possa ter como se subsistir na cidade de São Paulo.


Candidato, queria fazer uma pergunta para o senhor sobre uma declaração que o senhor fez ontem, que até quem lhe apoia considerou que foi absolutamente desastrosa. O senhor, ao se referir à população de rua sobre os casos de contaminação do novo coronavírus, disse que não são tantos casos assim entre os moradores de rua, por uma série de motivos, e um deles o senhor disse que é porque eles não tomam banho todos os dias. De onde tirou isso? Candidato, o senhor não foi preconceituoso?
Bom, em primeiro lugar, você precisa conhecer a realidade. Então, eu te convido para que nós vamos até o centro da cidade, fazendo uma reportagem, porque eu conheço profundamente, trabalhei bastante tempo no SBT, no "Aqui Agora", e nós vamos perguntar a essas pessoas se elas têm apoio da prefeitura para que todos os dias elas possam tomar banho. Se existem banheiros públicos na cidade, e se elas estão amparadas pelo poder público. Aí você vai ver que elas não estão, mas não é contexto da história.
Foi tirado de toda a minha conversa uma parte dela, para fazer sensacionalismo, então vamos lá. O que eu estava discutindo: que a ciência precisa estudar muito ainda a covid para entender porque onde existe aglomeração de pessoas da periferia, por exemplo, estão aglomeradas em pequenas moradias, com cinco, seis, dez pessoas, e não contraem a doença. Porque os moradores de rua têm casos pontuais, e se alardeava isso que eu dizia, no contexto, se alardeava que quando a covid chegasse ao Brasil, ela atacaria de pronto a cracolândia e os moradores de rua. Isso não aconteceu.
Então, no contexto da história, onde eu discutia que a covid precisa ser mais estudada, inclusive pelos cientistas, para explicar esses fenômenos, é que destacaram no meio do caminho: ?Celso Russomanno disse que moradores de rua não tomam banho?, que eles tinham dificuldade de tomar banho, que eles não tinham estrutura nenhuma, que são 27 mil pessoas abandonadas nos centros das cidades, sem o cuidado do poder público. Poder público não é presente.
E eu acho triste isso, não respeitar essas pessoas, e você vai me perguntar: ?Celso, mas não tem os abrigos?? Tem os abrigos, e sabe porque essas pessoas não vão para os abrigos? Eu te digo, porque lá se separam famílias, e essas pessoas estão em família e aí quando vai para o abrigo os homens têm que ficar de um lado, no abrigo, as mulheres no abrigo totalmente separado, muito distante. Você separa as famílias e elas não aceitam. Tem muitos desses moradores de rua que são de outros estados, querem voltar para os seus estados, mas não têm condição financeira. O que a sociedade e o poder público está fazendo por eles?
Aí vão explorar o que o Celso falou, que eles infelizmente não têm como tomar banho todos os dias, dizendo: ?Celso diz que os moradores não tomam banho todos os dias?. Preconceituosa foi a forma com que os jornalistas tocaram no assunto, querendo desprezar aqueles que são famílias, que estão sem opção de vida nenhuma e que o poder público não é presente. Vou lhe perguntar, o que foi que a prefeitura fez por eles depois da pandemia? O que foi que o governo de estado fez por eles depois da pandemia? Se não fosse o governo federal, inclusive mandando verbas para São Paulo capital e interior, para tratamento e os cuidados com a covid, nós não teríamos nada aqui, porque o governador não fez nada e o prefeito também não fez.
Então vamos cuidar dessas pessoas e não vamos em cima dessas pessoas fazer política na hora errada. Nós temos que cuidar dessas pessoas, é isso que nós precisamos fazer. É muito triste que se aproveitem de uma situação como essa para dizer ?Celso Russomanno diz que moradores de rua não tomam banho?. Então vamos perguntar a eles se a prefeitura dá para eles qualquer tipo de estrutura para banheiros públicos, por exemplo, para que eles possam tomar banho. Ou será que é muito fácil dormir nas ruas? Encontrar um banheiro que essas pessoas possam tomar banho? É isso que se tem que discutir aqui.


Candidato, o senhor tem algum planejamento, caso o senhor seja eleito, de criar um programa que ajude as pessoas que estão em situação de rua, em situação vulnerável em São Paulo, a voltar aos seus estados, às suas cidades de origem?
Sem dúvida nenhuma. Nós temos sim. Para cuidar dos moradores de rua, os moradores têm que ser cuidados caso a caso. A gente precisa saber, em primeiro lugar, porque eles estão nas ruas. Alguns estão porque foram despejados, outros têm problemas psicológicos que têm que ser tratados junto aos familiares. Então cada caso é um caso. 
Os programas não podem ser programas como existem hoje em dia, em que algum funcionário terceirizado da Prefeitura passe com uma prancheta na mão, perguntando se as pessoas querem ir para um abrigo. Aí, as Organizações Não Governamentais que passam tentando ajudar essas pessoas - e a sociedade faz um trabalho muito bonito a esse respeito -, não têm nenhum controle da Prefeitura. Então, passa uma perua deixando comida às 18h30, depois às 19h30 passa outra de outro grupo, aí depois passa um outro grupo deixando cobertores.
Então, eu lhes convido mais uma vez pra gente ir até o Pátio do Colégio, no centro da cidade, onde se instalam mais ou menos 300 barracas, a partir das 18h; doadas, inclusive, por Organizações Não Governamentais que tentam, pelo menos, cuidar desses moradores de rua porque o poder público municipal não é presente na vida deles. E aí a gente vai vê-los acampando no final da tarde, saindo de manhã cedo e montando as barracas, e as ruas todas sujas, a prefeitura lavando a comida que ficou jogada no chão, lavando os cobertores que foram doados e que ficaram no chão, e esse material estragado e essa comida estragada. Porque não existe, ao menos da prefeitura, o comprometimento em organizar esses serviços todos, que são doação, para que essas pessoas sejam de fato bem cuidadas. Isso não existe. O poder público não é presente na vida delas. Eu vou fazer com que o poder público seja presente tratando as pessoas como pessoas, entendendo que elas têm famílias. Aquelas pessoas que querem voltar para os seus estados nós vamos fazer com que o programa, que existia lá atrás, da prefeitura volte a funcionar. Nós vamos tratar as pessoas que têm problemas psicológicos da forma correta, e as pessoas que são usuárias de drogas também com cuidado e trazendo, mais uma vez, a família para perto delas. Porque, se for do jeito que está sendo feito... todos prometeram que iam acabar com os moradores de rua, que iam resolver o problema, ou que iam acabar com a pandemia, e não acabaram. Nós precisamos olhar para essas pessoas como pessoas, e está faltando exatamente isso. 


Então, candidato, deixa eu aproveitar a sua resposta. Vamos falar sobre a cracolândia. O senhor, em outras candidaturas, defendeu a criação de barreiras policiais na cracolândia. O senhor mantém essa proposta? O senhor entende que aquilo é mais um problema policial, do que de saúde? Como é que o senhor atuaria hoje na Cracolândia, se fosse eleito?
Eu não sei de onde [você] tirou "barreiras policiais"...

Em declarações do senhor.
Eu não disse "barreiras policiais". 

O senhor disse em outras eleições?
Não. Eu disse outra coisa. Desculpe, mas você não está? você está faltando com a verdade. Eu disse outra coisa.

Não. Ninguém está faltando com a verdade. O senhor deu essa declaração.
Eu disse o seguinte: que as pessoas que quisessem? que o direito de ir e vir seria preservado, e que as pessoas que quisessem entrar na cracolândia, passariam por uma revista. Não por uma barreira policial.

Mas "revista" não é feita com barreira policial?
Eu queria fazer uma pergunta para vocês dois: se no bar da esquina não tem cerveja, eu vou lá perguntar para o dono do bar se ele vende cerveja? Não. Eu não vou. Se dentro da cracolândia não tem droga porque a polícia trabalha com inteligência, evitando que as drogas entrem lá dentro, e que as barracas se estabeleçam para que o uso da droga seja feito debaixo, ou a venda da droga seja feita debaixo das barracas, vai ter droga pra vender?

Mas o senhor não vai ter esse poder na questão da droga. Isso é uma questão do Estado, da Polícia Civil, da Polícia Militar. O senhor como prefeito terá outra tarefa.
Desculpe. Você está errado mais uma vez.

Nós estamos sempre errados, candidato?
Não, não estão não. Vocês estão sem informação. Então eu vou explicar. Eu sou jornalista tanto quanto vocês e conheço esse tipo de jogo. Então vamos com calma. Vamos responder as perguntas, tá? Então me deem condições de responder.
A Guarda Civil Metropolitana pode fazer esse trabalho em conjunto com a Polícia Militar e em conjunto com a Polícia Civil. A gente pode fazer através de convênios. A Polícia Civil, conveniada com a Guarda Municipal, com a Guarda Metropolitana, pode sim trabalhar em conjunto e com inteligência. Nós podemos trabalhar com monitoramento dos locais onde você tem uma quantidade grande de aglomerações. Você pode evitar que a droga entre na cracolândia para que ela seja vendida. Isso é um trabalho de inteligência de convênio entre as polícias, e as polícias podem trabalhar sim em conjunto. A Guarda Civil Metropolitana pode.
Eu não tenho problema nenhum em ir buscar no secretário da Segurança e o Governo do Estado, todos os mecanismos que é dever do Estado - e você bem colocou isso - não é dever da prefeitura, mas a prefeitura tem como ajudar a resolver o problema da cracolândia. Olha, eu quero lembrar que essa questão tem que ser tratada com verdade, coragem e coração.


A gente também concorda. Candidato, chegou uma pergunta através do Twitter. É uma pergunta do Reginaldo Barbosa - lembrando então que as pessoas podem mandar perguntas para o candidato através da #SBTnewsEleições. A pergunta do Reginaldo Barbosa é a seguinte: "Sendo iniciado e ainda com o cordão umbilical ligado a Maluf, o que o senhor aprendeu com o Dr. Paulo?
Que cordão umbilical é esse? Eu não entendi. Eu não tenho cordão umbilical com ninguém.

É a pergunta do internauta.
A minha vida se fez nos últimos 30 anos na defesa dos direitos do consumidor, que por sinal, começou no SBT no "Aqui e Agora", que era a maior audiência da televisão brasileira, inclusive derrubando as novelas da rede Globo. Eu não tenho um cordão umbilical. Eu não comecei na política com Paulo Maluf. Eu comecei na política defendendo o consumidor. Fui eleito, inclusive, pelo PSDB no meu primeiro mandato, o mais votado do Brasil. E de lá para cá, eu venho construindo a minha vida política.

Candidato, o leitor vota e escolhe um candidato por causa das propostas, mas também ele sente uma maior necessidade de conhecer o candidato. Saber as ideias do candidato. Eu queria fazer uma pergunta para o senhor: qual é o posicionamento que o senhor tem em relação ao aborto? Vamos utilizar o caso do Espírito Santo, por exemplo, da menina de 10 anos que foi violentada pelo tio e engravidou, e foi autorizada a fazer um aborto pela Justiça. Qual seria o seu posicionamento, como prefeito da cidade? O senhor atuaria de alguma forma para impedir? Em que casos o senhor concorda com o aborto?
Agora sim não é atribuição para o prefeito. O que for atribuição para o prefeito, eu estou aqui a sua disposição para responder. Sobre esse assunto eu não vou responder, obrigado.

E sobre a sua política para a população, para o grupo LGBT? Vai ter parada gay em São Paulo no seu governo?
Não há problema nenhum em relação a isso. Eu, quando eu fazia o meu programa... Foi o primeiro programa a cobrir uma parada gay, LGBT. Não tem problema nenhum em relação a isso. Pelo contrário, todos os eventos culturais serão preservados na cidade de São Paulo.

Candidato, o senhor vem recebendo apoio do presidente Jair Bolsonaro - da "direita", vamos dizer assim. Vou insistir em uma pergunta porque, ainda que não seja de competência da Prefeitura, é importante saber o entendimento de um provável candidato a prefeito. O senhor concorda com a afirmação de alguns homens públicos de que o país não passou por uma ditadura militar? Qual é a avaliação que o senhor faz desse tipo de afirmação?
Eu acredito que ditadura é o que a gente vive nos países em que você não pode sair ou entrar do país, que o seu passaporte é cassado, isso é uma ditadura. Nós vivemos um governo militar aqui, sem dúvida nenhuma. E lembrem-se, que na década de 1960, as donas de casa saíram às ruas batendo panelas pedindo para que os militares assumissem o poder. Isso não faz parte da minha vida, porque eu era garotinho nessa época. Mas eu tenho certeza absoluta de que a democracia se constrói com a liberdade que nós temos hoje. E é isso que nós temos hoje e vamos preservar: a manutenção das três forças - que é o Legislativo, o Executivo e o Judiciário, cuidados pela Marinha, o Exército e a Aeronáutica.  

(Fábio Diamante:) Se o senhor me permite, muitas mães também choraram os filhos que desapareceram nesse período que o senhor falou.
(Simone Queiroz:) Candidato, faça as suas considerações finais e a sua despedida.

Eu quero agradecer muito o espaço que o SBT me dá nesse momento. Dizer que, com o apoio do presidente Bolsonaro, nós vamos ter recursos para melhorar a situação da saúde em São Paulo. Nós vamos cuidar da educação, para que os jovens saiam desse processo de progressão continuada e aprendam de fato nas escolas. Que as escolas nos finais semana serão cuidadas pelos pais e que terão todos os tipos de lazer, inclusive os games para a criançada que tanto gosta, para tirá-las da rua e dar a elas algum divertimento. Que nós vamos cuidar das pessoas como pessoas, e não como números, como hoje acontece. Cuidar de pessoas como pessoas foi o que eu fiz durante toda a minha vida nesses últimos 30 anos defendendo o consumidor. Agora eu quero defender você, cidadão de São Paulo, para que os serviços públicos sejam de qualidade e que você tenha o retorno dos impostos que você paga.


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