Gleisi diz que presidente do BC “tem que ficar quieto” sobre mudança da meta fiscal para 2025
Deputada também criticou Campos Neto pela condução da política de taxa básica de juros
A presidente do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann (PT-PR), chamou o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, de “oportunista” e afirmou que “ele joga contra o Brasil” ao criticar as mudanças na meta fiscal de 2025.
Durante o Perspectivas desta quarta-feira (24), em entrevista à jornalista do SBT Nathalia Fruet, Gleisi avalia que Campos Neto deveria “ficar quieto” por estar em fim de mandato como chefe do BC.
“Esse moço é um oportunista, ele é uma pessoa que joga contra o Brasil. Fica fazendo especulação para o mercado. As declarações que ele deu agora por conta da mudança da meta fiscal foram deploráveis. Ele tinha que ficar quieto, ele está de saída. Ele fica insistindo em falar para fazer especulação pro mercado, e além de tudo é arrogante”, comentou.
Gleisi analisou ainda o cenário da taxa Selic. Apesar da cautela com a situação depois que os Estados Unidos decidiram pela queda dos juros no país, a deputada acredita que o BC precisa manter o ritmo de redução, e continuou com as críticas à Campos Neto.
“Se não continuar baixando o juro, e olha que já estava em ritmo lento de 0,5 p.p., é um crime contra o Brasil. O que justifica juros de dois dígitos na economia que estamos vivendo? Qual é o risco de não pagar a dívida pública? Nós temos reserva internacional, nunca demos calote, qual é o risco? E se a dívida aumentar 1% ou 2%, qual é o impacto na economia? Zero, nada. Então fica com juros para fazer especulação, para que isso? Quem é que está ganhando com esse negócio? As pessoas estão precisando melhorar suas condições de vida, e ele (Campos Neto) fica brincando. ‘Oh, fiquem quietinhos aí, se vocês se comportarem como cachorrinhos quietinhos, a gente baixa os juros’. É um acinte o que esse moço faz”, constatou.
Apesar das críticas, Gleisi admitiu que os preços continuam altos nos produtos de necessidade básica da população. Ela observa que, “apesar da melhoria da renda, ainda está caro para comer e viver”, pois os controles da inflação “às vezes não se refletem na realidade”.
Um dos favoritos do governo Lula para assumir a presidência do Banco Central no ano que vem é o atual diretor de Política Monetária, Gabriel Galípolo.
Ele, no entanto, fez uma declaração, durante palestra nesta quarta (24), que vai na direção contrária do que Gleisi Hoffmann defende, ao acreditar que o BC precisa esperar os impactos da curva de juros nos EUA no combate à inflação no Brasil.