Galípolo vê cenário "incômodo" da economia brasileira, mas diz que BC não tem convicção sobre juros
Presidente do Banco Central evitou fazer qualquer projeção sobre próxima reunião do Copom

Vinícius Nunes
O presidente do Banco Central do Brasil (BC), Gabriel Galípolo, disse nesta quinta-feira (27) que a entidade monetária ainda não tem convicção" da orientação da taxa básica de juros, a Selic, para a próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), prevista para maio.
Para Galípolo, o cenário da economia brasileira, com inflação acima da meta de 3% e com a Selic a 14,25% ao ano, é "incômodo". Deu a declaração nesta quinta-feira (27), na primeira coletiva de imprensa desde que assumiu o cargo.
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O governo tem batido na tecla, seja o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ou o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, de que Roberto Campos Neto é o culpado pela alta de um ponto percentual da taxa básica de juros. Galípolo, no entanto, afirmou que todos os diretores têm autonomia para decidir sobre a Selic e chamou o ex-presidente do BC de "generoso".
"Eu já tinha dito em dezembro que o Roberto tinha sido generoso de, já na última reunião, permitir que eu pudesse assumir um papel maior de protagonismo ao longo da discussão daquela reunião do Copom. Para além disso, todos os diretores têm autonomia e em todos os meus votos e em todos os votos de atores está lá expresso o que é a consciência e a visão de cada um dos diretores. As decisões têm sido unânimes já há algum tempo e não cabe a mim, obviamente, fazer comentários sobre qualquer tipo de comentário do presidente da República ou do ministro", afirmou.
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Nessa quinta, o Banco Central diminuiu de 2,1% para 1,9% a projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil em 2025. A expectativa é de uma desaceleração econômica neste ano.
Em 2024, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que PIB cresceu 3,4%. Segundo o BC, essa mudança "reflete uma redução no crescimento esperado para os setores mais cíclicos".
O Relatório de Política Monetária afirma que a desaceleração está relacionada à política monetária mais contracionista.