Mais de 30 mil crianças e adolescentes vivem em situação de acolhimento
Empresas criam iniciativas para capacitar esses jovens para o mercado de trabalho e empregá-los
Atualmente no Brasil existem mais de 31 mil crianças e adolescentes com idades entre 0 e 18 anos que vivem em situação de acolhimento no Brasil. Eles moram nos quase 6 mil locais que oferecem serviços de abrigo no país. Os dados são do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
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Na faixa etária de 14 até 18 anos, a população chega a quase 10 mil (mais de 50% são do sexo feminino). A maior parte dos jovens desta idade está no estado de São Paulo e corresponde a mais de um terço do total (32,45%).
Para contornar o problema, iniciativas de empresas privadas tem proporcionado oportunidades para que adolescentes em situação de vulneravilidade social sejam inseridos no mercado de trabalho.
Um exemplo é o da empresa Tokio Marine que, em 2021, promoveu a primeira edição do projeto Sementes do Brasil. Essa ação tem como objetivo promover a inclusão no mercado de trabalho desses jovens em situação de acolhimento e conta com aulas de educação financeira, introdução à tecnologia e inovação, entre outras áreas do conhecimento. Na primeira edição, 20 jovens concluíram o programa, sendo que sete conseguiram se colocar no mercado de trabalho, seis atuam na própria Tokio Marine.
De acordo com a diretora de Pessoas, Planejamento e Sustentabilidade da empresa, Luciana Amaral, a seguradora trabalha com uma série de iniciativas voltadas para os campos ambiental, social e de governança. "O Sementes do Brasil foi desenvolvido para facilitar o ingresso no mercado de trabalho de jovens em situação de acolhimento com idades entre 16 e 18 anos. A companhia também disponibiliza ajuda de custo mensal de meio salário mínimo para cada jovem e necessidades específicas para os abrigos participantes, como cestas básicas, internet e produtos de limpeza", explica.
Larissa Cristina dos Santos foi uma das contempladas pelo programa. A jovem de 19 anos afirma que o Sementes do Brasil apareceu em um momento importante na vida dela. "A experiência do projeto foi incrível, pude aprender muito durante as aulas e mentorias. Graças ao projeto, desenvolvi habilidades e consegui um emprego. Sou muito grata a todos que me ajudaram durante esse período", reforça.
Quem saiu também saiu trabsformado após o projeto foi o jovem Kaique Rodrigues, 18 anos. "Eu entrei com uma forma de pensar e uma forma de agir, quando eu saí, a minha mentalidade tinha mudado. Entrei com muita timidez e sai diferente, pude aprender muito. Agora, trabalhando, eu consigo usar muitas coisas que aprendi durante as aulas", analisa.
A Diretora de Pessoas da empresa afirma que tem convicção de que o futuro do Brasil passa, necessariamente, pela educação. "Queremos ser uma rede de apoio a esses adolescentes, para que eles possam ser inseridos no mercado de trabalho e vislumbrar uma melhoria efetiva de vida, uma vez que muitos, após os 18 anos, precisam sair dos estabelecimentos e muitas vezes ir morar nas ruas".
Outras iniciativas pelo país
Em Minas, o Espro (Ensino Social Profissionalizante) ajuda jovens em situação de acolhimento institucional a ingressar no mercado de trabalho. Em pouco mais de um ano, o Espro ajudou 30 adolescentes e jovens de 14 a 21 anos de idade, encaminhados pelo Serviço de Acolhimento Institucional ou de Medidas Socioeducativas de Belo Horizonte, a obter a primeira experiência no mercado de trabalho formal. Essas admissões foram fruto de parceria com o Descubra! -- Programa de Incentivo à Aprendizagem de Minas Gerais.
Jovens e adolescentes que estão em situação de vulnerabilidade social e sem espaço no mercado de trabalho encontram uma oportunidade dentro do Espaço de Acolhimento do shopping Castanheira, em Belém, que atua com o intuito de resgatar a cidadania dessas pessoas. A iniciativa, que existe há pouco tempo, desde março, já atendeu mais de 400 jovens e desenvolve políticas de segurança, assistência e judiciárias, atuando na rede integrada, com acolhimento humanizado e escuta qualificada para entender as demandas do público.
No Rio Grande do Sul, um dos espaços que oferece cursos para meninas e meninos acolhidos em Novo Hamburgo é a Ação Encontro, administrado pela Associação Beneficente Evangélica Floresta Imperial (Abefi). No local, os jovens podem fazer cursos de marcenaria, padaria, culinária, vendas para comércio e empreendedorismo.