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Economia

Medo de prejuízo atinge 43% das mulheres na hora de empreender

Ao criar o próprio negócio, existe ainda uma busca por autonomia e horários flexíveis

Imagem da noticia Medo de prejuízo atinge 43% das mulheres na hora de empreender
Ausência de apoio financeiro está entre os maiores desafios
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O sonho de empreender está alcançando cada vez mais mulheres brasileiras. Desafios como dupla jornada, falta de apoio e dificuldade de conseguir financiamento, no entanto, continuam desmotivando parte desse grupo. Segundo uma pesquisa do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de São Paulo (Sebare-SP) e do Movimento Aladas, de 24 milhões de mulheres que desejam abrir o próprio negócio, 43% delas desistem por medo de falhar.

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Entre aquelas que superaram o receio e decidiram investir no empreendedorismo, a maioria teve como motivação a busca por autonomia e flexibilidade para ficar com a família. No auge da pandemia de covid-19, inclusive, houve um aumento significativo da abertura de empresas fundadas por mulheres, o que sugere uma movimentação promissora do cenário. No período, o número de empreendedoras saltou de 49% para 57%, totalizando mais de 9,3 milhões de mulheres no mercado.

Embora a cifra seja positiva, grande parte das 1.003 entrevistadas ressaltou dificuldades para entrar no ramo. Um dos principais pontos comentados foi a ausência de apoio financeiro: quase 80% das mulheres disseram ter que abrir o negócio com recursos próprios, cenário que ainda aponta para um certo impasse na aquisição de capital externo pelo grupo.

De Salvador, a artesã Maiana Rodrigues, de 39 anos, diz que decidiu empreender devido aos impactos financeiros da pandemia. Ela conta que abrir o próprio negócio sempre foi um desejo e que, em abril de 2020, começou a vender peças pelo Instagram. "Iniciar do zero já é um grande desafio. Ser aceita por deixar a CLT, outro ainda maior. Eu não tinha recursos necessários para iniciar e também não sabia muito sobre empreender. Mas sempre fui muito curiosa e determinada."

Com a ajuda do esposo, Maiana foi "fazendo música com o que tinha" e, aos poucos, conseguiu observar o crescimento do negócio. Hoje, o "Ateliê Maiana Rodrigues" conta com mais de 107 mil seguidores nas redes sociais e realiza entregas de jogos americanos de mesa feitos de crochê para todo o Brasil. Além disso, a artesã, mãe de dois filhos, conta que já enviou peças para outros quatro países e que, atualmente, também concede palestras sobre empreendedorismo.

Ainda segundo a pesquisa do Sebrae-SP, a dupla jornada e o desencorajamento são outros desafios enfrentados pelas mulheres, já que mais da metade das empreendedoras continua sendo a principal ou a única responsável pelos afazeres domésticos. Dona de uma fábrica e duas lojas de confeitaria na cidade de São Paulo, a CEO Aline Lores diz que iniciou os trabalhos vendendo doces na porta de faculdades e em feirinhas de artesanato, e ainda era questionada: "Quantas vezes eu ouvi 'mas você só faz bolo ou também trabalha?'".

Apesar de ter inaugurado a primeira loja há cinco anos, Aline diz que está no ramo há mais de 20 anos, sempre aprendendo métodos novos e se dedicando ao que faz. "Ainda somos subestimadas, as jornadas não são duplas, elas são múltiplas! Mas eu acredito muito no potencial feminino. Hoje, não esperamos mais por nada e ninguém. Simplesmente arregaçamos as mangas e vamos a luta", conta ela, acrescentando que continua fazendo questão de vender em feirinhas e atender os clientes pessoalmente.

A falta de motivação é reforçada pelo fundador da franquia Odonto Excellence, Oséias Gomes, que aponta que o mercado empreendedor é complexo, sobretudo para mulheres. Segundo ele, as tarefas acumuladas acabam tirando a atenção do próprio negócio, principalmente em relação ao empreendedorismo digital, que necessita de empenho, dedicação e boas ideias para driblar a concorrência e comercializar serviços ou produtos, sem a necessidade de depender de espaços físicos.

"Antes de fazer acontecer, as mulheres que querem empreender devem mergulhar sobre o que é um negócio escalável, um modelo que veio para renovar o mercado e a maneira de se trabalhar. Tudo isso com visão e organização horizontalizadas, em que a genialidade assume o protagonismo. Empreender é saber viver em um mundo de incertezas, e tudo que é incerto dá medo", diz Gomes.

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