BNDES cria linhas de crédito para agricultura em meio à floresta
Banco quer incentivar o desenvolvimento sustentável da Amazônia
Pablo Valler
A bioeconomia da Amazônia, em desenvolvimento atrelado à produção agrícola, tem agora uma série de linhas de crédito específicas no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). "Atualmente, a renda do produtor rural em uma atividade como a pecuária é de cerca de R$ 1 mil por hectare. Na soja, R$ 3 mil. Já o cacau orgânico chega a R$ 10 mil", compara o diretor de crédito produtivo e ambiental do BNDES, Bruno Aranha.
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"Uma atividade voltada à bioeconomia ajuda a manter a floresta em pé e agrega um produto que tem um valor muito maior no mercado", destaca ele. "O objetivo é fortalecer esse empreendedor para que deixe de ser simplesmente familiar, com pouco acesso a crédito, mas se capacite para se tornar um empreendedor da floresta".
O BNDES se reuniu com mais de 30 instituições e enviou equipes de planejamento à região para entender as necessidades locais. Assim, decidiu atuar em duas frentes: na capacitação dos empreendedores locais e no fornecimento de garantias para que os agricultores possam ter acesso a empréstimos.
Para apoiar a evolução, o banco pretende desenvolver atividades que ajudem a ampliar a adoção de sistemas de integração entre lavoura, pecuária e floresta na agricultura familiar, além de atividades extrativistas sustentáveis.
O banco de fomento montou um projeto-piloto, chamado de Garante Amazônia, para incentivar o acesso ao crédito indireto, oferecido por meio de parceiros. São R$ 20 milhões no processo de capacitação, com agentes no local, que vão oferecer assistência técnica aos empreendedores e comunidades, além de auxiliar na regularização fundiária.
Ao mesmo tempo, o banco lançará uma chamada pública para levantar mais R$ 20 milhões com instituições multilaterais, investidores de impacto ou empresas. O objetivo é formar um fundo garantidor, que será administrado pela instituição de fomento.
"Essa garantia é muito poderosa porque tem poder de alavancagem. Os R$ 20 milhões podem chegar a R$ 100 milhões", prevê Aranha, considerando um horizonte de dois anos.
Para a concessão do crédito, serão credenciados de dois a três agentes financeiros, que poderão oferecer linhas de financiamento aos agricultores. Em média, o valor médio dos financiamentos com esse perfil é de R$ 100 mil, mas eles vão de R$ 10 mil a R$ 500 mil.
Geralmente, os bancos comerciais têm linhas de créditos disponíveis, mas que não se convertem em investimento porque o agricultor não tem garantias a oferecer para tomar o empréstimo, explica Aranha. Em paralelo, outro projeto visa a auxiliar a regularização fundiária de assentamentos, inicialmente no Amapá.