PM que matou ex e cometeu suicídio fez TCC sobre violência doméstica
Trabalho de conclusão de curso de assassino e suicida, formado e direito, analisou casos de crimes contra a mulher
Leo Coelho
O policial militar que matou a ex-mulher e tirou a própria vida em Curitiba (PR) fez um trabalho de conclusão de curso (TCC) estudando crimes de violência contra a mulher. Terminando tragicamente como personagem do próprio objeto de estudo, o assassino e suicida era formado em direito e foi militar da Marinha.
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Dhiego Henrique Almeida da Silva estava na Polícia Militar desde 2013 e nasceu no Rio de Janeiro. Antes de assassinar a ex-mulher, Franciele, o casal tinha um relacionamento conturbado, apesar do curto período juntos
Há boletins de ocorrência registrados desde agosto de 2021. Neles, o processo de separação, já que o casal tinha problemas com a divisão de bens. Em um deles, o PM relatou que tentou pegar pertences e que Franciele teria ateado fogo em um colchão. Por outro lado, a vítima afirmou que foi agredida. A mulher mudou a versão, dizendo que manchas no corpo eram decorrentes de uma doença.
Em outras ocorrências, os desentendimentos do casal eram sempre motivados pela divisão de bens, como transferências de nomes e dívidas no cartão do policial. Ela teria tentado atropelar o PM por não aceitar o fim do relacionamento, em maio deste ano. Franciele saltou da viatura ao ser encaminhada pela polícia a um cartório.
Outros relatos dão conta que Dhiego era possessivo e narcisista. Franciele tinha três filhos e uma das filhas foi perseguida pelo policial. No dia do assassinato, a mulher voltava da Corregedoria e, dias antes, deu entrada em uma medida protetiva de urgência contra o PM. Como o soldado não foi notificado, a medida não teve efeito, apenas estando nos registros do sistema.
Polícia diz que "não tinha conhecimento" de denúncias contra soldado
Em coletiva de imprensa, a corporação reconheceu que o policial foi afastado por problemas psicológicos, mas retornou recentemente ao ser considerado apto para voltar aos trabalhos e usar arma de fogo.
Segundo a polícia, o soldado atuava internamente, fazendo despachos das viaturas para as ocorrências. A corporação ainda afirmo que não tinha conhecimento prévio das denúncias contra o PM e da medida protetiva pedida pela vítima, mesmo com Franciele tendo comunicado a Corregedoria.
A instituição disse que o ato do registro no órgão de fiscalização da PM e a busca da arma do PM no quartel "aconteceram quase ao mesmo tempo", com um "pequeno intervalo" entre essas ações e a hora do crime. Ainda de acordo com a polícia, eles "não tiveram tempo hábil" para ter conhecimento dos fatos durante a ocorrência.
A coordenação geral da Polícia Militar crê que os militares que presenciaram o crime e as negociações atuaram de "maneira correta" e "seguindo os protocolos", considerando que "foi feito tudo que estava ao alcance" e que, "na adrenalina" da situação, muitos PMs não tinham conhecimento do histórico do soldado.
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