SP: 150 ônibus de transporte público pertencem a "laranjas" do PCC
Polícia investiga empresa de transporte ligada ao crime organizado
SBT News
Três em cada 10 ônibus de uma empresa de transporte público da cidade de São Paulo pertencem a 'laranjas' ligados ao crime organizado, segundo a polícia. A prefeitura enviou hoje representantes ao Departamento de Investigações Criminais (Deic) para ter acesso às informações apuradas até agora.
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Leonel Moreira Martins, de 51 anos, é um dos alvos. Segundo a polícia, ele já foi diretor da Transunião, empresa que recebe R$ 100 milhões por ano da prefeitura para o transporte de passageiros na zona leste.
Leonel tem uma extensa ficha criminal: porte de arma, de drogas, roubo a banco, sequestro e formação de quadrilha. Ele também já fugiu da cadeia por um túnel quando cumpria pena e foi acusado de envolvimento no mega-assalto de R$ 164 milhões da sede do Banco Central, em Fortaleza, no ano de 2005.
A casa de Leonel, que fica em um condomínio luxuoso, em Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo, também foi alvo de uma busca determinada pela Justiça. A investigação revela o envolvimento da facção criminosa Primeiro Comando da Capital, o PCC, no controle da empresa de transporte público.
Um assassinato, em 2020, também escancarou a disputa entre os criminosos. Os homens acusados de assassinar Adauto Soares Jorge, então presidente da Transunião, foram presos nesta 5ª feira (9.jun).
O executor, gravado pelas câmeras de segurança, é Jair Ramos de Freitas, conhecido como Jair Cachorrão. Depois do crime, ele virou diretor da Transunião. O homem que levou a vítima até a emboscada é Devanil Soares do Nascimento, conhecido como Sapo, ex-gerente de manutenção da empresa.
Segundo a polícia, Devanil é homem de confiança do vereador Senival Moura, do PT, um dos fundadores da cooperativa de ônibus que deu origem à empresa. O parlamentar é investigado no esquema de lavagem de dinheiro do crime organizado na Transunião e também no homicídio. A casa e o escritório do vereador foram vasculhados pela polícia.
De acordo com as investigações, pelo menos 150 dos 520 ônibus da empresa estão em nome de laranjas do crime organizado. Isso estaria provado em anotações apreendidas pela polícia nas duas garagens da Transunião.
Na tarde desta 6ª feira (10.jun), funcionários da Secretaria Municipal de Transportes foram até o Deic, em busca de informações do inquérito. Nenhum deles quis falar sobre o caso.
O prefeito Ricardo Nunes disse vai encerrar o contrato com a empresa de ônibus, caso as acusações sejam comprovadas. O vereador Senival Moura disse que está à disposição da Justiça e negou envolvimento com o crime organizado.
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