Ativista Thiago Ávila diz que foi levado à solitária por recusar comida e água de autoridades israelenses
Ativista brasileiro retornou ao Brasil nesta sexta-feira (13) após ser preso por Israel durante missão humanitária rumo a Gaza
SBT News
O ativista brasileiro Thiago Ávila, de 38 anos, afirmou, em entrevista ao programa Poder Expresso, do SBT News, que foi colocado em uma cela solitária por autoridades israelenses após se recusar a aceitar comida e água durante sua detenção. Segundo ele, o protesto foi uma forma de solidariedade às vítimas palestinas da ofensiva militar de Israel na Faixa de Gaza.
“Desde o dia em que a gente foi sequestrado eu não aceitei nada que eles me ofereceram. Nenhuma água, nenhuma comida. O raciocínio era bem simples: se eles negam essas coisas às crianças em Gaza, como eu poderia aceitar? [...] Eu não queria fazer parte da ação de marketing deles para fingir que eles não tratam mal os palestinos”, disse.
Ávila foi preso em 9 de junho pela Marinha de Israel durante uma missão humanitária. Ele permaneceu detido por quatro dias, sendo dois deles em solitária. O ativista relata ter sido alvo de medidas disciplinares por manter o jejum voluntário.
“Eles trataram isso como um crime em si e me levaram para a solitária como um processo disciplinar, dizendo que, se eu não comesse nem bebesse água, iam me manter lá para sempre”, afirmou.
Ele também relatou sequelas físicas. “Ainda tenho muitas marcas pelo corpo. Estou indo ao Instituto Médico Legal para fazer exames sobre todas essas marcas”, contou. Segundo ele, os ferimentos foram causados principalmente pelas más condições da prisão, que tinham baratas, insetos e ratos.
O ativista voltou ao Brasil nesta sexta-feira (13). Durante a entrevista, demonstrou preocupação com os colegas estrangeiros que ainda permanecem detidos em Israel.
Segundo Àvila, três ativistas não conseguiram retornar após o fechamento dos aeroportos israelenses devido à escalada do conflito com o Irã. “Sinceramente, eu nem teria voltado se soubesse que eles não iam voltar para casa. Eu devia ter ficado”, disse.
Ávila também cobrou um posicionamento mais firme do governo brasileiro em relação ao conflito na Faixa de Gaza. “É muito importante que o Brasil rompa relações com Israel, não no sentido de penalizar ninguém, mas de dar uma chance à vida. Israel está cometendo um genocídio neste momento”, declarou.