Grupo que negociou R$ 14 bi em ouro ilegal é alvo da PF
Operação Ouropel mira esquema de garimpo criminoso na Amazônia, que abasteceu vendas fraudadas do minério, desde 2021
Ricardo Brandt
Um grupo que usava empresas e falsas declarações de extração mineral, principalmente do rio Tapajós, para venda ilegal de ouro, foi alvo da Polícia Federal, nesta 4ª feira (27.set). Pelo menos 50 policiais cumprem mandados de busca e apreensão em três estados. Os alvos teriam vendido cerca de R$ 14 bilhões, em valores atualizados, de ouro retirado ilegalmente da floresta Amazônica, principalmente no Pará.
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A Operação Ouropel, deflagrada nesta 4ª feira, vasculha empresas e endereços dos alvos em Itaituba (PA), Novo Progresso (PA) e Cuiabá (MT). São 17 mandados de buscas e R$ 290 milhões bloqueados em bens.
Foram suspensas também 112 autorizações de exploração de ouro, vinculadas às oito pessoas e empresas envolvidas. O grupo atuava, em especial, no Tapajós, um dos principais afluentes do rio Amazonas - que nasce em Mato Grosso, corta o Pará e termina em Amazonas.
"Detectamos um esquema que consistia em lavar esse ouro", explicou o delegado da PF Gecivaldo Vasconcelos Ferreira. O grupo usava Permissões de Lavra Garimpeira (PLG) para exploração do ouro na bacia do rio Tapajós, nas cidades de Itaituba e Jacareacanga, ambas no Pará, para "esquentar" ouro ilegal retirado de outras áreas.
Segundo as apurações da PF, o grupo declarava como origem do ouro esses pontos autorizados de exploração, pela Agência Nacional de Mineração, mas nos locais, não houve as extrações correspondentes.
A PF constatou envolvimento de cooperativas de garimpeiros, outros tipos de empresas de investimentos (Distribuidoras de Títulos e Valores Mobiliários-DTVMs) com a comercialização ilegal de pelo menos 37 toneladas de ouro da Amazônia Legal. O valor na época foi de R$ 10 bilhões, de janeiro de 2021 a setembro de 2023. O levantamento foi feito por mapeamento aéreo e análise de imagens.
O nome da operação, Ouropel, refere-se ao "brilho falso", do ouro extraído ilegalmente da Amazônia. Os alvos são investigados por crimes de associação criminosa, usurpação de bens públicos, lavagem de dinheiro, crimes ambientais, entre outros.
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