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Brasil

Kuarup: ritual de indígenas do Xingu é realizado há milhares de anos

Festa com dança e cores é realizada após 12 meses de luto com a morte de liderança

Imagem da noticia Kuarup: ritual de indígenas do Xingu é realizado há milhares de anos
São 12 meses sem danças e brincadeiras e o silêncio toma conta
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Nos troncos a eternidade, a reza e a magia do pajé *
Na aldeia, com flautas e maracás 
Kuarup é festa, louvor em rituais 

No meio da floresta dos povos do Xingu, um ritual indígena que acontece há milhares de anos. É o Kuarup, realizado toda vez que uma liderança indígena ou algum parente morrem. A aldeia entra em luto e só após um ano, com danças, cores e músicas, o povo deixa o luto de lado e dá início a um novo ciclo. 

Liberdade é o nosso destino 
Memória sagrada, razão de viver 

No centro da aldeia, pedaços de madeira marcam o local onde a avó e a prima de um cacique foram enterradas, há um ano. São 12 meses sem danças e brincadeiras e o silêncio toma conta em respeito a quem se foi.  

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Uma semana antes da despedida final, começam os preparativos: corpos pintados, orelhas furadas e o retorno do colorido. Em Querência, cidade integrante do parque do Xingu e a 800 quilômetros da capital Cuiabá (MT), o acesso é feito pela água. 

Além do encerramento do luto, outro ritual é realizado: o rito de passagem das meninas que iniciam a vida adulta. Um longo período de reclusão marca o caminho da puberdade, até que, maiores, são apresentadas aos homens do grupo. 

Na floresta? harmonia, a vida a brotar 
Sinfonia de cores e cantos no ar 
O paraíso fez aqui o seu lugar 

A festa também tem a chegada de povos de outras aldeias, recebidos com fartura. Os donos da terra se alimentam do que produzem ou da pesca. No banquete, peixes assados e uma massa chamada biju, preparada com mandioca.  

Convidados também participam da festa. Um deles, francês, foi ao Mato Grosso pela primeira vez e vivenciou de perto as tradições dos povos. À medida que o dia termina, o ritual fúnebre ganha força: são pelo menos 200 indígenas participantes. 

Salve o verde do Xingu? a esperança 
A semente do amanhã? herança 
O clamor da natureza 
A nossa voz vai ecoar? preservar 

Quando o sol deixa a aldeia, as chamas do fogo trazem a luz para o momento final: o choro. As lágrimas lavam os troncos até o dia amanhecer. Ao raiar do sol, eles são lançados ao rio e a vida retoma seu curso. 

*em itálico, trechos do samba "Xingu, o Clamor Que Vem da Floresta", da atual campeã do carnaval do Rio de Janeiro, Imperatriz Leopoldinense. A escola cantou o enredo no desfile de 2017. 
 

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